Porque usamos a NVI, mesmo com tantas críticas?
Assim que foi lançada, em 2000, a
NVI sofreu dezenas de ataques por parte dos evangélicos brasileiros,
que alegavam que ela era "fraudulenta" e possuía erros gritantes. Mas
estranhamente, tais críticas surgiam muito rápidamente após o seu
lançamento. Pensamos que os adoradores da João Almeida foram com tanta
sede ao pote que após a sua leitura (duvidamos que tenham lido direito),
já foram criando teorias mirabolantes para desacreditar a NVI. Pensamos
também que tais críticas sejam pura balela da Sociedade Bíblica do
Brasil, detentora dos direitos da JFDA, justamente por medo de perder
mercado, o que já vem acontecendo em uma escala grande.
Porém os defensores da João
Almeida, que atacam frenéticamente a NVI, na sua quase que totalidade,
não conhecem a história desta bíblia (JFDA), a qual, traduzida por um
único homem, feita às escondidas e baseando-se em textos considerados
como fraudulentos. Fora que é uma bíblia que não passou por nenhuma
mudança devido as novas descobertas arqueológicas, normas linguíticas e
uma variedade de outros ítens. As poucas atualizações ocorreram na
versão de 1994, porém ela continuou com a mesma base, a JFDA do século
XVII.
O fato da NVI buscar uma
linguagem mais "moderna", não tira seus créditos e, em relação às suas
diferenças junto a JFDA, não fazem a mínima diferença na doutrina
cristã. Em nenhum momento a NVI tira a autoridade de outras versões e
manuscritos, pelo contrário, ela apenas utiliza da melhor forma o
português brasileiro para traduzir os manuscritos diretamente dos
originais grego, aramaico e hebraico. Diferente da JFDA, que, na sua
tradução, utilizou-se, além de textos fraudulentos, de manuscritos em
línguas européias, como a espanhola e italiana, com um arcaísmo
exagerado.
Outro problema é que os
adoradores da João Almeida não gostam da NVI justamente ao tipo de
liguagem usada nela. A NVI eliminou o arcaísmo que a JFDA tem,
facilitando a leitura e entendimento das Escrituras. Esse "remelexo" dos
evangélicos nos lembra muito o "remelexo" dos católicos quando John
Wicliff traduziu a bíblia para o Inglês, lá pelo século XIII (primeira
bíblia da idade média em outra lingua além do Latin). Ou seja, os
evangélicos conservadores não querem que o arcaísmo seja substituído,
como se ele fosse a verdadeira língua das Escrituras, igualmente à ICAR
quando Wicliff traduziu para o Inglês.
Cabe lembrar que praticamente
todas as versões lançadas sofreram represálias como as que a NVI sofreu.
A própria João Ferreira de Almeida, de 1995, foi uma delas, a qual
sabemos que deu mais polêmica do que a própria NVI. Isso aconteceu com
várias versões. King James, Westcott/Hort, Bíblia da Linguagem de Hoje,
entre outras.
Como resposta, a SBB - Sociedade Blíblica do Brasil, lançou uma nova versão na BLH - Bíblia da Linguagem de Hoje, entitulada NTLH - Nova Tradução da Linguagem de Hoje,
no mesmo ano de lançamento da NVI. Isso evidência que a SBB tem a
intenção de apenas vender seu material, deixando de lado a verdadeira
importância da uma tradução das escrituras.
Versões utilizadas na Descontradizendo Contradições:
Bíblia de Estudos NVI - Sociedade Bíblica Internacional
NVI Digital em Cd-rom - Sociedade Bíblica Internacional Bíblia de Estudos NTLH - Sociedade Bíblia do Brasil Bíblia João Ferreira de Almeida Atualizada - Sociedade Bíblica do Brasil Bíblia João Ferreira de Almeida Corrigida e Fiel - Sociedade Bíblica do Brasil Textus Receptus (grego) - bibliaonline.com.br Westcott/Hort with variants (grego) - bibliaonline.com.br Interlinear Westminster Leningrad Codex (hebraico) - ISA basic 2.0 RC1 King James Version - Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil Bíblia de Jerusalém - Sociedade Bíblia Católica Internacional Paulus
Como podem ver, usamos a NVI
como primeira opção para nossos estudos e descontradições. Porém, quando
encontramos alguma dificuldade ou até mesmo para enriquecer nossos
estudos e respostas, utilizamos todas as versões acima e, se porventura,
encontrarmos uma outra versão que nos ajude, será incluída na lista
acima.
Abaixo, informações importantes
sobre a NVI, nas quais seus críticos nem sequer chegam perto para ler.
(Igual a alguns ateus que conhecemos bem).
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A história demonstra quanto a
leitura do texto bíblico, partindo-se do sentido original, tem sido
crucial para a pregação do evangelho, para a consolidação da fé e
para a expansão e a inserção da igreja de Jesus Cristo na
sociedade.
A Reforma Protestante na Europa do século xvi é testemunha eloqüente desse fato. O monge Martinho Lutero redescobre o sentido original da doutrina da justificação pela fé na leitura do texto grego das cartas de Paulo aos gálatas e aos romanos. Sua descoberta tornou-se acessível ao povo alemão por meio da tradução da Bíblia toda, dos originais hebraico, aramaico e grego, para o alemão. As traduções da Bíblia em português, desde a primeira (de João Ferreira de Almeida) publicada no fim do século xvii, também são fruto desse processo iniciado na Reforma. As revisões mais recentes, bem como as traduções modernas, contribuem no trabalho continuado de verificação e de aprimoramento na comunicação do sentido do texto bíblico original em nossa língua, procurando atender à necessidade de atualização permanente do texto em português. Esta obra é uma introdução à Nova Versão Internacional (NVI), vindo somar a essa importantíssima tarefa de tradução da Bíblia e demonstrar que a NVI é uma excelente contribuição para que o texto bíblico em português seja o mais fiel possível ao sentido tencionado pelos escritores originais, guiados pelo Espírito Santo. Nos capítulos que se seguem, o leitor tomará conhecimento mais detalhado das dificuldades, dos processos e das fontes textuais que compuseram a tarefa de tradução da Bíblia. Em segundo lugar, a relevância da contribuição da NVI diz respeito à necessidade fundamental de buscar uma tradução que, além de fiel à intenção autoral dos escritores bíblicos, seja também acessível ao leitor contemporâneo. Nesse sentido, entra em cena a discussão sobre a metodologia empregada na tradução. Por exemplo, é possível ser literal e ter ao mesmo tempo um texto compreensível? Essas e outras perguntas serão respondidas nas páginas que se seguem.
Estevan Kirschner
Ph.D. em Novo Testamento |
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É com extrema satisfação que saudamos a chegada
da Nova Versão Internacional (NVI). Este opúsculo é inteiramente
dedicado à NVI.
Tendo atuado como coordenador do projeto da NVI por cerca de uma
década, sinto-me muito satisfeito diante do momento de colher os
resultados do trabalho
realizado pela Comissão de Tradução com afinco e esmero.
De certa forma, a NVI dispensa apresentações. Estamos certos de
que o próprio Texto Sagrado, fiel ao original e expresso em linguagem
atual, falará por si mesmo
e comunicará a Palavra de Deus. Todavia, cremos ser necessário
explicar o objetivo deste livro.
Sabemos que algumas pessoas sentem uma
estranheza em relação a idéia de nova tradução da Bíblia. Como pode
haver uma nova tradução das Escrituras,se já a
temos em nossa língua? A leitura atenciosa deste pequeno livro
será muito elucidativa para todos os que desejam saber o que está
envolvido no processo de
tradução da Bíblia. Os dois primeiros capítulos responderão a duas
perguntas muito importantes:
1) O que está em jogo numa tradução da Bíblia? e 2) Por que precisamos de uma nova tradução da Bíblia? Em seguida, o leitor terá o privilégio de conhecer detalhes sobre o projeto da NVI. A história da NVI, projeto patrocinado pela Sociedade Bíblica Internacional, seus pontos de partida e quem foram as pessoas que trabalharam diretamente na tradução do texto. Na seqüência, o leitor conhecerá também a filosofia de tradução da NVI, com base em exemplos bem objetivos e claros.
Por último, outros detalhes e particularidades
da NVI serão abordados nos capítulos finais. Trataremos brevemente de
algumas perguntas freqüentes sobre a NVI,
os pesos e medidas e as notas de rodapé e, encerrando, textos
clássicos e conhecidos serão colocados à disposição do leitor para seu
deleite literário, teológico e
espiritual.
Esperamos que essa obra introdutória seja uma bênção na sua vida e que a NVI seja uma bênção infinitamente maior para a igreja evangélica e o povo de fala portuguesa de todo o mundo.
Pr. Luiz Sayão
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A maioria das pessoas, cristãs ou não, tem
pouco conhecimento das dificuldades presentes na tradução da Bíblia.
Quem lê a Palavra de Deus bem impressa, bonita
e com uma capa bem acabada não tem idéia de tudo que é
necessário para tornar disponível o livro mais lido e vendido do mundo.
Antes de tratarmos dessas dificuldades, devemos destacar que a tarefa de tradução da Bíblia é um ministério cristão. Lamentavelmente, poucos são os cristãos que percebem tal realidade de imediato. A grande verdade é que não é possível desenvolver quase nenhum outro ministério cristão sem as Escrituras Sagradas traduzidas na língua do povo. Não seria possível pregar, evangelizar, ensinar, discipular, e assim por diante, sem a Palavra de Deus em nossa língua. Por essa razão, devemos dar graças a Deus pela vida de homens como Jerônimo, Ulfilas, Lutero, Wycliffe, Almeida e muitos outros tradutores da Bíblia. Homens como esses dedicaram a vida para tornar compreensíveis as Escrituras a milhões de cristãos e não-cristãos incapazes de entender as línguas originais. Além disso, precisamos ressaltar que a tarefa de traduzir a Bíblia não é nada fácil. Muitos são os problemas e dificuldades enfrentados pelos tradutores. Com toda a certeza, para muitas pessoas essa tarefa parece até muito simples. Tal opinião, porém, está longe da verdade! Acreditam alguns que cada palavra do hebraico ou do grego encontra um vocábulo equivalente em português (e nos demais idiomas). Portanto, bastaria trocar as palavras da língua original pelos vocábulos em português para vermos encerrada a tarefa de tradução da Bíblia. Quem sabe, pensam alguns, um bom programa de computador até possa fazer isso. Infelizmente, isso não é verdade; o fato é que a tarefa de tradução é muito complexa. Nas linhas a seguir, procuraremos apresentar ao nosso prezado leitor os principais problemas e dificuldades enfrentados por um tradutor das Escrituras Sagradas. A dificuldade com os manuscritos antigos Ao contrário do que muitos imaginam, não existe um manuscrito bíblico único do qual se possa traduzir o texto das Escrituras. Deus, em sua soberania, não quis deixar-nos o manuscrito original do Antigo e do Novo Testamento. Na verdade, o que temos à disposição são milhares de manuscritos posteriores, cópias feitas por escribas no decorrer dos séculos. Apesar disso, estamos absolutamente seguros de que a Bíblia é o documento antigo mais bem preservado da história da humanidade. Não há dúvida alguma de que possuímos manuscritos extremamente próximos dos originais. Todavia, um grande número de pequenas diferenças entre os diversos manuscritos exige avaliação cuidadosa por parte dos estudiosos para que se obtenha um texto mais próximo do original. Quando isso acontece, é necessário buscar a ajuda da crítica textual, ciência que desenvolveu critérios objetivos e científicos de avaliação do texto bíblico. Com base nos resultados desses estudos criteriosos, é possível optar corretamente por uma variante textual. Portanto, todo tradutor da Bíblia tem como primeiro problema avaliar as variantes textuais dos manuscritos bíblicos e tomar decisões com base nessa avaliação. Somente após esse primeiro passo será possível fazer uma tradução fiel ao texto original. No caso do Antigo Testamento, escrito quase inteiramente em língua hebraica¹, os principais manuscritos que precisam ser avaliados para uma boa tradução bíblica são o Texto massorético, o Pentateuco samaritano, a Septuaginta (famosa versão grega do texto do Antigo Testamento), a Versão siríaca,os Targuns aramaicos e os famosos manuscritos do mar Morto. Já no caso do Novo Testamento, há centenas de papiros antigos, alguns códices² (cópias completas) e milhares de manuscritos mais recentes. O resultado do trabalho de crítica textual mais confiável e respeitado pelo mundo acadêmico encontra-se nas edições da Biblia hebraica stuttgartensia (Antigo Testamento) e no Novum Testamentum graece (organizado por E. Nestlé e K. Aland)³. A dificuldade da compreensão do texto Os autores do texto bíblico e os escribas que fizeram as milhares de cópias dos manuscritos bíblicos antigos viviam num mundo muito diferente do nosso. Falavam línguas (hebraico, aramaico e grego) que ainda procuramos compreender, pertenciam a uma cultura muito diferente da nossa e não redigiam textos conforme a nossa atual expectativa. Por essa razão, nem todos os textos bíblicos são tão fáceis de ser entendidos, nem mesmo pelos peritos e especialistas nas línguas originais. Às vezes a construção da frase não segue a lógica gramatical comum da língua; em outras ocasiões ficamos em dúvida sobre onde dividir a frase (a pontuação do texto grego do Novo Testamento, por exemplo, não faz parte do original); em certas passagens bíblicas há palavras difíceis de ser compreendidas, pois o significado primeiro delas não cabe no contexto. Isso quer dizer que, mesmo depois de estabelecido o texto pelos especialistas, isto é, com todos os problemas de crítica textual resolvidos, nem sempre todos os textos bíblicos serão decifrados e entendidos com facilidade. É por isso que o leitor comum muitas vezes já constatou que alguns textos bíblicos encontram traduções diversas em diferentes versões bíblicas. Embora nem todos saibam, a verdade é que vários textos bíblicos admitem mais de uma tradução correta e, em muitos casos, alguns deles exigem atenção especial e um trabalho cuidadoso para serem de fato compreendidos. A dificuldade do significado das palavras Há uma ciência dedicada ao estudo do significado das palavras. Essa ciência é chamada semântica. As principais fontes de pesquisa semântica são os dicionários e os léxicos acadêmicos aos quais recorremos quando queremos saber o significado de um termo. Isso não é tão difícil quando estamos pesquisando o significado de termos falados atualmente na língua portuguesa. No entanto, quando queremos descobrir o significado das palavras hebraicas, aramaicas e gregas, a tarefa é muito mais árdua. O significado exato de muitas palavras, principalmente hebraicas, ainda é um desafio para os estudiosos. Talvez a idéia mais comum seja que a etimologia é a melhor forma de descobrir o significado das palavras. Muita gente acredita que o significado de uma palavra está na sua raiz, na sua idéia original.
Em muitos casos isso é verdade. Na palavra
cefalóide, por exemplo, é fácil entender o significado com base na
etimologia. A primeira parte da palavra, cefal-, vem
do grego kephalê, que significa “cabeça”; já o sufixo -óide
expressa a idéia de forma. Assim, cefalóide significa o que tem forma de
cabeça. Nesse caso, a
etimologia da palavra permite-nos saber com exatidão o seu
significado. Nem sempre, porém, tais associações etimológicas evidenciam
o significado de
determinado termo. Há casos como o da palavra hipopótamo, na qual
os radicais gregos significam literal e etimologicamente “cavalo”
(hipos) e “rio” (potamos).
No
entanto, ninguém jamais concordará que “cavalo do rio” traduz
com exatidão o significado de hipopótamo. Finalmente, descobriremos
também palavras cuja
etimologia até destoa do significado mais comum delas. É o caso
da palavra embarque. Na origem, o termo era usado em referência ao ato
de entrar em um barco.
Todavia, hoje o termo é usado em referência ao embarque em um
avião, ao embarque em um trem (ou no metrô). Diante desses exemplos,
deve ficar claro que
identificar o significado de uma palavra requer mais do que
descobrir sua origem ou sua etimologia. Na verdade,
cumpre levar em consideração a importância de outros fatores
fundamentais, como veremos adiante.
O fator sociológico O uso de uma palavra é determinado pelos falantes de uma língua. Na verdade, as palavras não têm nenhuma relação intrínseca com os objetos da realidade. Funcionam como etiquetas que nós, os falantes da língua, colocamos nos objetos à nossa volta para podermos nos referir a eles. Assim, cada língua cria as próprias palavras de modo arbitrário. Além disso, essas palavras são muitas vezes criadas, independentemente da origem etimológica. Por essa razão, para que se entenda o significado de um termo, é muito importante descobrir em que sentido está sendo usado dentro de um texto, pois muitas vezes a origem ou a raiz não serão úteis na identificação do significado. O vocábulo grego logos, por exemplo, significava principalmente palavra quando traduzia um conceito semítico do mundo hebreu, mas para os gregos a idéia básica era a de razão. O tradutor do Novo Testamento terá de descobrir em que sentido o autor bíblico (Jo 1.1) estava usando a palavra logos.
Graças ao trabalho de exegetas e lingüistas,
hoje temos léxicos (dicionários) que trazem uma avaliação semântica
ampla e detalhada de cada termo
hebraico, aramaico e grego. Um léxico especializado é uma das
ferramentas indispensáveis para a compreensão e para a tradução dos
termos bíblicos.
O fator histórico O aspecto sociológico da semântica leva-nos diretamente ao aspecto histórico. O uso das palavras bem como o seu significado sofrem variações de acordo com aépoca em que o texto foi escrito. No caso dos estudos veterotestamentários, os especialistas fazem distinção entre as diversas fases da língua hebraica: o hebraico arcaico, o pré-exílico e o pós-exílico. A verdade é que há diferença de vários séculos entre um texto e outro. Diante desse fato, não há dúvida de que a mesma palavra pode ter significados diferentes em épocas distintas. No caso do Novo Testamento, apesar de todo o texto ter sido escrito em grego, sabemos hoje que não era o grego clássico (dialeto ático). Não é possível compreender o significado dos termos gregos do Novo Testamento conhecendo apenas a cultura e a língua helênica clássicas. Além de ser um grego comum (coiné), o grego neotestamentário é também um grego semitizado, ou seja, muito influenciado pela cultura judaica e pelo pensamento hebraico. Somente com o conhecimento da história da cultura e das línguas bíblicas poderemos conhecer o significado das palavras da Bíblia. Isso nos ajudará a não conferir a esses termos um significado não pretendido pelo autor original. O fator literário Um estudo aprofundado das Escrituras comprovará que não podemos considerar o texto bíblico homogêneo do ponto de vista literário. Cada autor usa certos termos de maneira característica. Nem sempre a mesma palavra é usada no mesmo sentido por todos os autores. Cada autor bíblico escreve com tendências teológicas específicas, a um público determinado, dentro de um panorama histórico particular. Uma avaliação da terminologia usada por Lucas, por João e por Paulo mostra que cada um deles detém particularidades lingüísticas e teológicas que precisam ser consideradas numa tradução bíblica. Além disso, é preciso frisar que os diversos autores bíblicos escreveram em estilos literários distintos.
A poesia hebraica, por exemplo, não se
caracteriza por rima, mas sim por paralelismos. Há
construções poéticas como inversões, quiasmos, acrósticos
alfabéticos, aliterações etc., que dificilmente podem ser de todo
recuperadas numa tradução. Além
disso, temos o problema das expressões idiomáticas e das figuras
de linguagem. Metáforas, símiles, sinédoques, metonímias são usadas
amplamente na Bíblia.
Algumas dessas figuras, se traduzidas ao pé da letra, podem não
comunicar nada ou até expressar uma idéia errada. Pretendemos
desenvolver essa questão com
maiores detalhes mais adiante. Todavia, vale a pena citar aqui
alguns exemplos.
Em Gênesis 34.30 o hebraico diz: 30 E disse Jacó a Simeão e a Levi: Vocês me trouxeram problemas, ao fazer-me cheirar mal entre os moradores da terra. Cheirar mal é uma expressão que significa odiar. O sentido aqui é atrair o ódio dos moradores da terra (região). Em Salmos 41.9 o hebraico diz: 9 Até o meu melhor amigo (homem da minha paz), em quem eu confiava e que partilhava do meu pão, levantou contra mim o seu calcanhar. O significado de levantar o calcanhar contra é voltar-se contra. A dificuldade decorrente da peculiaridade das línguas bíblicas Quando alguém tentar traduzir um livro do francês ou do inglês para o português encontrará uma tarefa não muito difícil. As três línguas são indo-européias, sendo muito semelhantes em estrutura e em vocabulário. Até mesmo no inglês, pertencente ao ramo das línguas germânicas, cerca de metade do vocabulário é formado por palavras de origem latina. Quando alguém lê uma obra acadêmica em inglês, por exemplo, descobrirá que essa proporção é ainda maior, pois os termos gregos e latinos são a base do vocabulário científico e acadêmico de muitas línguas européias, mesmo de muitas que não são classificadas como neolatinas.
Todavia,
quando se faz uma tradução do grego bíblico e do hebraico (ou do
aramaico) para o português, a tarefa é muito mais difícil, pois a
diferença cultural e lingüística é
muito grande. O início das dificuldades reside no vocabulário das
línguas bíblicas. Os vocábulos muitas vezes não têm correspondentes
satisfatórios em português.
O
campo semântico das palavras é muito particular e até mesmo
estranho para nós. Especialmente no caso do hebraico, as palavras dessa
língua semítica expressam
conceitos bem concretos. Idéias abstratas são muito raras. A
expressão “fazer uma aliança”, por exemplo, é literalmente em hebraico
“cortar uma aliança”. Por
essa razão é impossível fazer uma tradução totalmente literal da
Bíblia. Muitas frases não teriam sentido em português. Uma das palavras
muito importantes do
Antigo Testamento, por exemplo, é o termo Sheol, traduzido por
Hades no grego do Novo Testamento. Em algumas versões antigas essa
palavra foi traduzida por“inferno” em quase todos os versículos em que o
termo aparece. Sem dúvida alguma a tradução uniforme do termo não é
recomendável. O termo refere-se de fato
ao “mundo dos mortos” e, em muitos contextos, refere-se de modo concreto
à “sepultura”. Assim Sheol (e Hades) pode ser traduzido, dependendo do
contexto, por
várias palavras diferentes. As possibilidades de tradução são:
“profundezas”, “morte”, “sepultura”, “mundo dos mortos” e “inferno”.
No caso do hebraico, uma
característica interessante da língua é a sua concisão. A antiga
língua dos hebreus usava poucas palavras para dizer muito. Os verbos de
ligação são dispensados,
os pronomes pessoais estão embutidos na maioria das formas
verbais, e algumas preposições e sufixos de posse aparecem anexados aos
substantivos. Um
exemplo disso pode ser visto em Salmos 15.2. O texto hebraico
diz literalmente (sete palavras):
Andante integramente e praticante (da) justiça e falante (da) verdade no seu coração. Como se vê, é muito difícil entender o sentido do texto, traduzido aqui bem literalmente. Depois de traduzido adequadamente (19 palavras em português), o texto fica assim: Aquele que é íntegro em sua conduta e pratica o que é justo, que de coração fala a verdade... Outra questão que merece cuidado é o verbo grego e hebraico. Estamos muito acostumados à idéia de tempo verbal em português. Para muitos é surpreendente descobrir que o que caracteriza o verbo no grego e no hebraico não é principalmente o tempo do verbo, mas sim o seu aspecto.4 Em hebraico, por exemplo, importa mais se a ação é acabada ou não do que o tempo do verbo. Em muitas passagens bíblicas somente o contexto determinará se o verbo será traduzido no futuro, no presente ou no passado. O grego conhece formas verbais peculiares e muitas vezes difíceis de ser traduzidas adequadamente. Entre elas destacam-se o aoristo, o modo optativo e a voz média do verbo. Finalmente, precisamos destacar a grande diferença entre a estrutura sintática das línguas bíblicas e a do português. A ordem comum da frase hebraica, por exemplo, é inversa: começa com o verbo e depois traz o sujeito. As conjunções que intermediam palavras e orações detêm funções sintáticas muito diversificadas e podem ser traduzidas de maneiras distintas. Os tradutores terão de descobrir se determinada conjunção está sendo usada de modo enfático, explicativo, condicional, recitativo etc. Essa tarefa muitas vezes exige estudo minucioso. O texto grego, por exemplo, usa períodos longos, sem ponto-final. Um caso famoso é o do texto de Efésios 1.3-14. Não é possível conservar a legibilidade de um texto assim em português contemporâneo sem reorganizar a pontuação. Dado o caráter introdutório desse livro, não nos estenderemos mais sobre o assunto. Somente um estudo da sintaxe hebraica e grega poderá revelar a complexidade dessas diferenças ao amigo leitor. Conclusão Diante dessa avaliação, cremos que o nosso leitor já tem uma idéia razoável da complexidade da tarefa de traduzir a Bíblia. Estamos certos de que essa breve introdução o ajudará a entender o valor e a importância da tradução da Bíblia. Portanto, cada um de nós deve: 1. Agradecer a Deus pelo fato de termos sua Palavra disponível em português. 2. Valorizar esse importante ministério e orar pelos milhares de tradutores que trabalham em todo o mundo nessa obra tão importante. 3. Ser mais flexíveis e humildes, entendendo que a dificuldade dessa tarefa comprova que toda tradução é imperfeita. 4. Descobrir que as dificuldades bíblicas não devem abalar nossa fé; ao contrário, descobrimos que Deus é sábio e maior do que nós. A Palavra de Deus é mais profunda e rica do que imaginamos. ¹ Apenas uma parte de Daniel e de Esdras, e um versículo de Jeremias foram escritos em aramaico. ² Os mais famosos são o Sinaítico, o Vaticano e o Alexandrino ³ Publicados pela Sociedade Bíblia Alemã e pelas Sociedades Bíblicas Unidas. 4 Segundo a maior parte dos especialistas. Nem todos os estudiosos, porém, pensam assim. |
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Há alguns anos, numa conversa informal com um
membro de uma igreja evangélica, ouvi seu comentário aborrecido a
respeito das diversas versões bíblicas
existentes em português. Naquela manhã de domingo, nos idos de
1988, ele me disse: “Não sei por que tantas Bíblias diferentes; gostaria
que existisse uma única
versão da Bíblia, ainda que estivesse errada; pelo menos todos
leriam juntos a mesma coisa na igreja”. Por incrível que pareça, a
maneira de pensar daquele
membro de igreja encontra o apoio de muita gente. Todavia,
devemos perguntar se tal postura tem fundamento. Será que está certo
pensar assim? Será verdade
que muitas traduções da Bíblia se tornam apenas sinônimo de
confusão? Por que precisamos de uma nova tradução já que temos a Bíblia
completa em português
há mais de trezentos anos? Será que essa tarefa não se destina
exclusivamente às línguas em que ainda não temos as Escrituras?
A seguir procuraremos explicar por que a
tarefa de tradução da Bíblia é permanente. Estamos convictos de que o
amigo leitor concordará conosco que uma das
principais finalidades dos cristãos é transmitir a Palavra de
Deus a todos os que dela necessitam. Procuraremos também mostrar adiante
como os novos
conhecimentos lingüísticos, as descobertas arqueológicas mais
recentes, os estudos da crítica textual, o avanço dos estudos semíticos e
as mudanças da língua
portuguesa tornam absolutamente necessária uma nova tradução da
Bíblia.
As descobertas arqueológicas Em todo o mundo já é de conhecimento geral o fato de que a arqueologia é uma ciência muito importante para os estudos bíblicos. Os críticos e estudiosos liberais dos séculos xviii e xix escreveram obras que punham em dúvida muito da historicidade das narrativas bíblicas. Foi somente com o florescimento da arqueologia, e suas descobertas no final do século xix e no século xx, que se conseguiu comprovar definitivamente muito do que tinha sido posto em dúvida pelos estudiosos racionalistas liberais. Algumas das principais descobertas arqueológicas que em muito ajudaram os estudos bíblicos foram: 1. as cartas de Amarna (centenas de cartas escritas entre cananeus e egípcios); 2. os manuscritos do mar Morto (centenas de manuscritos que continham as cópias mais antigas do Antigo Testamento); 3. as tábuas de Ebla (trazem luz sobre a vida patriarcal); 4. as cartas de Mári (costumes, informações detalhadas e nomes patriarcais); 5. o Código de Hamurábi (paralelos com a lei mosaica); 6. a Pedra de Roseta (chave para decifrar o egípcio antigo); 7. papiros e pergaminhos do Novo Testamento (Sinaítico, Papiro Bodmer, Chester Beatty etc.); 8. cultura e língua de Ugarite e as tábuas de Ras Shamra (língua próxima ao hebraico; trouxe luz sobre a religião cananéia e a poesia hebraica); 9. o Rochedo de Behistun (fundamental para decifrar a língua babilônica); 10. cidades, cultura e língua acádicas (valor histórico e lingüístico); 11. as cartas de Laquis (da época da conquista babilônica); 12. o calendário de Gezer (o mais antigo registro do hebraico escrito); 13. a Epopéia de Gilgamés (paralelo próximo do Dilúvio bíblico); 14. o prisma de Senaqueribe (confirma a história da resistência dorei Ezequias à invasão assíria); 15. o templo de Diana dos efésios (At 19). Sem dúvida alguma, o impacto das centenas de descobertas arqueológicas de modo algum fica restrito à comprovação da historicidade dos relatos bíblicos. Todas as informações obtidas pelos arqueólogos sobre a história, a cultura, a religião, a sociedade e a língua falada pelos antigos hebreus e pelos povos vizinhos trouxeram contribuição imensurável para o nosso conhecimento das Escrituras Sagradas nos últimos 150 anos.
Nas próximas páginas concentraremos a atenção
no impacto dessas descobertas sobre a tradução da Bíblia. As próprias
descobertas de cidades e de localidades
específicas ajudam na tradução. Quando sabemos que o texto se
refere a um povoado, ou a uma montanha, ou a um ribeirão, é muito mais
fácil fazer uma
tradução clara e exata. Quando os tradutores da NVI trabalharam
no texto de Josué 13.5, por exemplo, a arqueologia já tinha resolvido a
dúvida sobre a localidade
de Lebo-Hamate. Algumas versões bíblicas trazem a entrada de
Hamate, tradução inadequada, conforme demonstra a arqueologia.
O impacto das descobertas dos manuscritos antigos As descobertas de centenas de manuscritos do Antigo e do Novo Testamento trouxeram muita luz à crítica textual bíblica. Atualmente, temos à disposição um número muito maior de testemunhos da revelação escrita de Deus aos homens. Isso significa que hoje temos condições de chegar a um texto mais próximo do original do que há 150 anos. No caso do Antigo Testamento, as descobertas mais importantes foram as dos seguintes manuscritos: 1. o Códice Cairense (Geneza), descoberto em 1890, contendo muitos manuscritos de grande parte da Bíblia hebraica; 2. o Papiro Nash, descoberto em 1902, contendo poucos versículos de Êxodo e de Deuteronômio; 3. os manuscritos do mar Morto. Também conhecidos como manus critos de Qumran, esses documentos, encontrados em onze cavernas do deserto da Judéia em 1947-1948, eram cerca de mil anos mais antigos do que o texto massorético conhecido. Eles comprovaram que o texto do Antigo Testamento fora preservado de maneira extraordinária. Quando falamos do Novo Testamento, os manuscritos encontrados nos últimos dois séculos tiveram um impacto tremendo na crítica textual e na identificação do texto mais próximo do original. As principais descobertas foram: Os papiros. São os testemunhos mais antigos do Novo Testamento e datam dos séculos II e III d.C. Os mais importantes, que levam o nome de seus descobridores ou do local onde foram achados, são: 1. O Fragmento John Rylands, p52 (trechos de Jo 18), de cerca de 130 d.C. Foi encontrado em 1930. 2. Os papiros de Oxirrinco. Diversos manuscritos encontrados no Egito em 1898. Datam principalmente do século III d.C. 3. Os papiros Chester Beatty, p45, p46 e p47, contendo a maioria do nt, de cerca de 250 d.C. 4. Os papiros Bodmer, p66, p72 e p75, contendo grande parte do nt, de cerca de 175-225 d.C. Os manuscritos unciais. São assim chamados porque foram escritos com letras maiúsculas em pergaminhos. Os três mais antigos e completos, chamados códices, são o Sinaítico, o Vaticano e o Alexandrino. Merecem destaque: 1. O Sinaítico. Descoberto em 1844 pelo conde Tischendorf, data da primeira metade do século IV d.C. 2. O Vaticano. Ainda que fosse conhecido desde 1475, arquivado na Biblioteca do Vaticano, só foi publicado em 1889-1890. Não é difícil perceber quanta “coisa nova” foi encontrada. Além disso, os estudos detalhados e comparativos entre os manuscritos já existentes e os descobertos mais recentemente são obra consumada há apenas algumas décadas. No entanto, esses estudos ainda prosseguem. Em Israel, por exemplo, há um projeto chamado Hebrew Old Testament Text Project, cujos resultados preliminares já foram publicados pelas Sociedades Bíblicas Unidas (com sede em Reading, Inglaterra). Esse projeto está avaliando detalhadamente todos os problemas de crítica textual do Antigo Testamento à luz de todas as descobertas feitas nos últimos anos. Diante desse quadro, alguns leitores ficarão preocupados, imaginando que todas as gerações anteriores foram muito prejudicadas no conhecimento da Palavra de Deus. É extremamente importante ressaltar que essas descobertas confirmaram a preservação das Escrituras. Os textos descobertos coincidem em mais de 90% com aquilo que conhecíamos antes. Todavia, nos detalhes menores, em textos específicos, essas descobertas foram muito importantes para que chegássemos a um texto ainda mais próximo do original. O leitor informado terá consciência de que só as descobertas dos manuscritos e o avanço da crítica textual já são suficientes para justificar novas traduções bíblicas. Todavia, vamos descobrir as outras razões que serão ainda mais convincentes. O impacto das descobertas lingüísticas As descobertas arqueológicas trouxeram repercussão no campo da ciência lingüística. Especialmente no caso do hebraico, as novas informações foram muito importantes. Os achados arqueológicos trouxeram à tona uma vasta literatura escrita em outras línguas semítico-ocidentais, isto é, línguas do mesmo grupo lingüístico do hebraico. Entre elas merece destaque especial o acádico, usado na Babilônia desde antes da era patriarcal, e o ugarítico.
Existem centenas de palavras hebraicas no
Antigo Testamento que aparecem uma única vez na Bíblia. Alguns desses
termos sempre foram difíceis de traduzir. A
tradução deles era basicamente fundamentada na tradição
disponível, proveniente do grego ou do latim. Os estudos semíticos
trouxeram muita luz sobre a origem,
o uso e o significado de raízes comuns entre o hebraico e essas
outras línguas semíticas. Quando alguém abre um dicionário teológico do
Antigo Testamento e
estuda um vocábulo hebraico, logo percebe a importante relação
do termo com o seu cognato ugarítico, acádico etc. Além disso, muito da
gramática, da sintaxe,
das estruturas poéticas e de outras particularidades lingüísticas
foi aprofundado graças aos estudos recentes, decorrentes dos novos
achados.
No caso do Novo Testamento grego, não houve um
aprofundamento lingüístico tão significativo. Todavia, a constatação,
no final do século passado, de que o dialeto
do Novo Testamento não era o ático (clássico), mas sim o grego
coiné, exerceu impacto sobre os tradutores da Bíblia. Diante desse fato,
começaram a surgir
traduções contemporâneas das Escrituras, procurando principalmente
comunicar a Palavra de Deus na língua do povo.
Talvez um dos fatores determinantes para que
se buscasse um aperfeiçoamento na tradução das Escrituras foi o
desenvolvimento da ciência lingüística nos últimos
séculos. Pouca gente sabe, mas há quinhentos anos a maioria dos
estudiosos acreditava que as palavras equivaliam exatamente aos objetos
que representavam.
No caso do termo cavalo, por exemplo, acreditava-se que havia
alguma coisa no próprio animal que nos levava a dar-lhe o nome de
“cavalo”. Cria-se que
podíamos captar “a cavalice” do cavalo e expressá-la
foneticamente. Além disso, línguas como o latim e o hebraico eram vistas
como sagradas. Não se imaginava
que outras línguas “profanas” pudessem transmitir idéias
bíblicas cristãs de forma adequada. A verdade é que pouca gente poderia
imaginar que o hebraico era
uma língua comum, parente das línguas faladas pelos cananeus e
pelos demais povos semitas.
Os estudos lingüísticos evoluíram muito nos
últimos séculos. Depois de acreditarem que a linguagem humana poderia
ser devidamente explicada e definida pela
teologia, pelas ciências matemáticas, pela história e pela
biologia, os estudiosos da lingüística começaram a entender melhor a
natureza da linguagem e
desenvolver modelos que a explicavam mais satisfatoriamente. Foi
somente a partir do começo do século xx que surgiram estudiosos como
Ferdinand Saussure,
Roman Jacobson, Louis Hjelmslev,Noam Chomsky, Edward Sapir e
Leonard Bloomfield, os quais escreveram obras que trouxeram grande
impacto à lingüística
contemporânea e um substancial desenvolvimento da ciência da
linguagem.
Os estudos mais minuciosos e detalhados da
lingüística, bem como de suas disciplinas, como a fonética, a fonologia,
a semântica, a morfossintaxe, a
psicolingüística, a sociolingüística etc., tornaram-se muito
relevantes para as traduções bíblicas. Avanços interdisciplinares também
foram muito significativos.
Estudos na área da antropologia, sociolingüística, lingüística
matemática etc. ampliaram muito os horizontes dos estudos da linguagem
humana e das línguas faladas
em todo o mundo. Esse aprofundamento científico também encontrou
representantes entre estudiosos cristãos e evangélicos, que
contribuíram para uma
compreensão mais aprofundada do grego e do hebraico bíblico.
Alguns nomes merecem destaque especial: Eugene Nida, James Barr, Moisés
Silva, K. L. Pike e
Johannes Louw.
O resultado de todo esse desenvolvimento
científico encontra-se disponível aos milhares de tradutores da Bíblia
de todo o mundo. Nos Estados Unidos, por exemplo,
existe uma escola inteiramente voltada para o ministério de
tradução bíblica. Seu nome é Summer Institute of Linguistics(sil).¹
Além de cursos de lingüística, ali é
produzido farto material lingüístico destinado aos tradutores da
Bíblia. A United Bible Societies(ubs), produziu uma série chamada
Translators handbook [Manual
para tradutores]. Quase todos os livros da Bíblia estão
disponíveis nessa coleção. Neles são abordados detalhadamente os
problemas de tradução de cada versículo.
Portanto, cremos que diante do que foi
apresentado até agora o amigo leitor já compreende como e por que os
recursos lingüísticos
disponíveis hoje são extremamente relevantes para uma tradução
da Bíblia bem fundamentada e compreensível.
O caráter dinâmico da língua Como é de conhecimento de todos, a língua não é estática. A maneira de falar muda constantemente. Há mais de quinze séculos os habitantes de Portugal, da Espanha, da Romênia, da França e da Itália falavam latim. Com o tempo, o latim passou a ser falado de modo diferente em cada uma dessas nações, a ponto de eles não entenderem mais uns aos outros. As mudanças naturais e culturais deram origem às diversas línguas neolatinas. Fenômeno semelhante acontece com a língua portuguesa hoje. Por essa razão, aquilo que comunicava bem no passado já não é entendido perfeitamente hoje. Vejamos alguns exemplos dessa realidade indiscutível, lendo alguns textos bem antigos da língua portuguesa: No mundo non me sei parelha Mentre me for como me vay Ca já moiro por vós - e ay! Mia senhor branca e vermelha, Queredes que vos retraya, Quando vus eu vi em saya! Mao dia me levantei, Que vus enton non vi fea! Paio Soares de Taveiros,A ribeirinha, 1189² Compare a oração do pai-nosso, conforme traduzida em 1681 (Alencar, p. 211) com a versão atual (NVI):
Não é difícil observar as dificuldades que um
falante do português de hoje teria ao tentar ler e entender o texto de
1681. Graças a Deus pelas atualizações
necessárias que foram feitas nas revisões subseqüentes da
tradução do pai-nosso. E não devemos nos esquecer de que esse texto, por
ser uma prece comum e
tradicional, sofreu pouca alteração quando comparado a outros.
Várias são as mudanças na língua que exigem revisões e novas traduções da Bíblia. Entre elas devemos destacar:
1. Palavras que caíram em desuso e não são mais entendidas. Há termos como rebuçar, alígera, coscorão, opróbrio, obréia, caçoula, charneca, chocarrice, enxúndia, impudicícia, concupiscência, desassisada, vitupério, vilipêndio etc., utilizados no vocabulário evangélico antigo, que deixaram de ser usados. 2. Palavras que mudaram de sentido. Podemos destacar termos como jornaleiro (sinônimo de diarista), vagabundo (sinônimo de peregrino, andarilho), fazenda (sinônimo de bens ou riquezas no linguajar comum), buzina (sinônimo de trombeta). 3. Palavras que adquiriram sentido pejorativo ou chulo. Aqui estão alguns exemplos: fezes (significava resíduo em geral); bostela (queria dizer mancha na pele); obrar (equivalia a fazer, realizar). 4. Palavras novas. Antes de 1969 ninguém conhecia a palavra alunissar (descer na lua). De igual modo, há outros termos que foram criados há algumas décadas e passaram a fazer parte da língua. Tais termos terão pouco impacto na tradução de um texto tão antigo como o da Bíblia. No entanto, alguns termos antigos podem ser substituídos por outros mais recentes. 5. Sintaxe contemporânea. A maneira de dizer a mesma coisa mudou. Atualmente preferem-se períodos mais curtos, e as subordinações frasais são menos empregadas do que há algumas décadas. Ocorreram também mudanças de preferência quanto à regência de verbos e de outras classes de palavras. 6. Ortografia. As reformas ortográficas são importantes e necessárias. A última reforma ocorrida no Brasil foi em 1971. Toda tradução bíblica digna deve respeitar as regras da língua receptora. Conclusão Conforme pudemos observar neste capítulo, a tarefa de tradução da Bíblia é de fato uma responsabilidade permanente dos cristãos. Ninguém, bem informado, pode achar que já chegamos à perfeição. Diante da complexidade de tudo o que envolve esse processo, podemos ter certeza de que nunca teremos uma tradução absolutamente perfeita. Todavia, não podemos fugir de nossa tremenda responsabilidade, isto é, comunicar a Palavra de Deus à humanidade.
Graças a Deus pelas contribuições
importantíssimas de arqueólogos, lingüistas, estudiosos da crítica
textual, exegetas e tradutores que têm permitido que o
cumprimento dessa tarefa seja uma realidade na língua
portuguesa.
¹ O sil também encontra representação no Brasil, em Brasília. ² Cantiga de amor, considerada o mais antigo texto literário em português (cf. Carolina M. Vasconcelos). |
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A Nova Versão Internacional (NVI) da Bíblia é
uma nova tradução das Escrituras Sagradas feita com base nas línguas
originais,isto é, do hebraico, do
aramaico e do grego. A realização desse empreendimento só foi
possível graças aos esforços da Sociedade Bíblica Internacional,
entidade evangélica que
promove e patrocina projetos de tradução da Bíblia em todo o
mundo, sediada em Colorado springs, EUA.
A NVI define-se como uma tradução da Bíblia evangélica, fiel ao original e contemporânea. Não se trata de uma tradução literal do texto bíblico, do tipo palavra por palavra. Não obstante, a NVI não é uma tradução livre nem uma simples paráfrase. Sua fidelidade está no sentido do original mais do que na forma. A NVI não rejeita, porém, a forma do texto original desnecessariamente. Na verdade, o alvo da NVI é comunicar a Palavra de Deus ao leitor moderno com a mesma clareza e impacto que teve o texto bíblico original entre os primeiros leitores. Como a grande maioria das traduções bíblicas, a NVI baseou-se no trabalho erudito mais respeitado em todo o mundo na área da crítica textual, tanto no caso dos manuscritos hebraicos e aramaicos do Antigo Testamento como no dos manuscritos gregos do Novo Testamento. A avaliação das opções textuais possíveis nunca foi acrítica. Os estudiosos da área poderão constatar que, tanto nas notas de rodapé como no texto bíblico, a NVI sempre foi criteriosa e sensata em sua avaliação. À semelhança do inglês, o português também é uma língua de vários continentes. Além do Brasil, Portugal, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo-Verde, São Tomé e Príncipe e Timor Leste têm a língua portuguesa como língua oficial. Alguns outros redutos lusitanos na Ásia como Macau e Goa (Índia) ainda possuem poucos falantes da língua de Camões. Em razão do caráter intercontinental da língua portuguesa, o nome escolhido para a nova tradução bíblica foi: Nova Versão Internacional. A intenção do projeto é que tanto o Brasil como os outros países falantes do português sejam enriquecidos e abençoados pela NVI. História do projeto e a Comissão de Tradução Tudo começou no início da década de noventa. Em junho de 1990¹ a Sociedade Bíblica Internacional reuniu uma comissão de estudiosos evangélicos, teólogos peritos nas línguas originais, os quais se dedicaram a um longo projeto que perdurou quase uma década. Foram milhares de horas gastas no trabalho denodado por essa equipe de tradutores brasileiros e estrangeiros. Cada tradutor trabalhou em determinados livros bíblicos, seguindo a filosofia de tradução da NVI e acatando as decisões tomadas em conjunto pela Comissão. A Comissão reuniu-se diversas vezes em grupos menores para tarefas específicas. As reuniões de todos os membros da Comissão de Tradução eram realizadas semestralmente. Nesses encontros de trabalho discutiam-se as questões gerais, polêmicas e mais difíceis. Todas essas questões foram resolvidas em conjunto e tratadas detalhadamente, levando em conta todos os enfoques necessários: lingüístico, teológico, literário e estilístico. Os diversos encontros da equipe aconteceram em muitos lugares, tanto no Brasil como no exterior. As cidades que hospedaram as reuniões da Comissão foram São Paulo, Campinas, Atibaia, Caraguatatuba, Curitiba, São Bento do Sul, Miami, Dallas, Denver e Colorado springs. Os membros da Comissão de Tradução tinham diferentes especialidades teológicas e lingüísticas. Alguns eram professores de grego, outros de hebraico, alguns eram da área de teologia sistemática, e outros, estilistas da língua portuguesa. Para evitar que a NVI tivesse qualquer tendência teológica particular ou denominacional, os estudiosos convidados representavam diferentes denominações e linhas teológicas. Todos eles, porém, estavam plenamente convictos da inspiração e da autoridade das Escrituras Sagradas. Cada um dos tradutores confirmou sua participação na Comissão, assinando um documento que afirmava a autoridade, a inspiração plena e a inerrância das Escrituras Sagradas, conforme o Pacto de Lausanne: Afirmamos a divina inspiração, a dignidade e a autoridade tanto das Escrituras do Antigo Testamento como do Novo Testamento em sua inteireza, como aúnica palavra escrita de Deus, sem erro em tudo o que afirma, e como a única e infalível regra de fé e prática. Também afirmamos o poder da Palavra de Deus para levar a efeito seu propósito de salvação. A mensagem da Bíblia é dirigida a toda a humanidade.Porque a revelação de Deus em Cristo e nas Escrituras é imutável. Por meio delas o Espírito Santo fala ainda hoje. Ele ilumina a mente do povo de Deus em todas as culturas para que percebam a verdade com os próprios olhos e assim revela a toda a igreja cada vez mais da sabedoria multiforme de Deus (2Tm 3.16; 2Pe 1.21; Jo 10.35; Is 55.11; 1Co 1.21; Rm 1.16; Mt 5.17, 18; Jd 3; Ef 1.17,18; 3.10,18). A erudição representada pela Comissão de Tradução da NVI é do mais alto nível. A Comissão teve acesso à mais acurada pesquisa teológica e lingüística disponível atualmente em diversas línguas. Obras especiali-zadas em inglês, alemão, francês, italiano, holandês, hebraico, espanhol e português foram consultadas amplamente. Dezenas de comentários, dicionários, obras de referência e modernos programas de informática foram utilizados durante o projeto da NVI. Essa erudição foi marcada pela diversidade. Sem dúvida alguma tal diversidade muito contribuiu para a qualidade da nova tradução. A Comissão de Tradução foi formada por brasileiros e por estrangeiros (estudiosos originários de vários países: Brasil, EUA, Inglaterra, Holanda). Além disso, alguns de seus membros residiam fora do Brasil (Israel, EUA e Portugal) e vários deles fizeram especialização (mestrado ou doutorado) em respeitadas escolas teológicas no exterior (Alemanha, Escócia, Inglaterra, Holanda e EUA). Convém também ressaltar que, além da Comissão de Tradução, dezenas de outras pessoas participaram no auxílio direto ou indireto ao projeto, nas mais diversas tarefas. Com toda a certeza, o trabalho de cada uma delas foi muito importante e fundamental para o projeto da NVI. Entre os diversos nomes dos que contribuíram no projeto da NVI, queremos destacar inicialmente os nomes dos tradutores que compunham a Comissão na ocasião do término do projeto (cf. o apêndice para obter mais informações sobre os membros da Comissão de Tradução): Abraão de Almeida Betty Bacon Carl J. Bosma Carlos Osvaldo C. Pinto Estevan F. Kirschner Luiz Alberto T. Sayão Martin Weingaertner Odayr Olivetti Paulo Mendes Randall K. Cook Rubens C. Damião Russell P. Shedd Valdemar Kroker William Lane Além desses nomes, outros tradutores também participaram como membros da Comissão durante parte do projeto, prestando grande contribuição: Antônio Gilberto Ênio R. Mueller Humberto G. de Freitas Richard J. Sturz Rudi Zimmer É impossível relacionar todos os nomes dos que participaram de alguma forma do projeto da NVI. Todavia, gostaríamos de fazer referência àqueles cuja contribuição merece destaque especial: William Stoll Jr. (deu início ao projeto com a ibs), Adiel A. de Oliveira, Márcio L. Redondo, Gordon Chown e Robinson N. Malkomes. É importante destacar que o projeto não teria sido feito sem o apoio de Edições Vida Nova, que o amparou até a implantação do escritório da Sociedade Bíblica Internacional no Brasil. O apoio da sbi expressou-se no trabalho do presidente, Hartmut R. Glaser, e dos secretários-executivos, Osvaldo Paião Jr. e Robson L. Ramos. Nos Estados Unidos, o apoio incansável e constante, além da ajuda técnica e administrativa necessária foram providos pelo dr. Eugene Rubingh, diretor de projetos de tradução da ibs. Finalmente, o trabalho prático e cansativo de assistência na composição e revisão de textos, inclusão de decisões da Comissão e outras atividades só foi possível graças ao apoio e ao trabalho de Daniel Vieira Oliveira, Oduvaldo C. de Medeiros, Vicente de Paula dos Santos e Renato B. de Amorim Sayão. Por último, a conclusão do projeto só foi possível graças aos esforços do trabalho conjunto da sbi Brasil, de Edições Vida Nova e da Editora Vida, mediante o trabalho de apoio e cooperação de Eude Martins, de Reginaldo de Souza e de Fabiani S. Medeiros. A NVI como parte da história da tradução da Bíblia A história da tradução da Bíblia em português começa em terras lusitanas com o rei d. Diniz (1279-1325), grande precursor dessa tarefa tão importante. Com base na Vulgata latina, de Jerônimo, o rei d. Diniz traduziu para o português vinte capítulos do livro de Gênesis. No entanto, os mais antigos registros de trechos da Bíblia em português deixados para a posteridade datam de 1495.
O famoso tradutor da Bíblia, João Ferreira de
Almeida, nascido em 1628, numa localidade próxima a Lisboa, foi quem
marcou a história das traduções em
português. Ele foi o primeiro a traduzir o texto bíblico
baseando-se nas línguas originais. O Novo Testamento de Almeida foi
concluído em 1676 e acabou sendo
publicado em 1681, na Holanda. Almeida morreu em 1691, deixando
incompleto o Antigo Testamento, traduzido até o livro de Ezequiel. A
tradução foi concluída
graças ao trabalho de Jacobus op den Akker, da Batávia, em 1748.
Somente cinco anos mais tarde, em 1753, é que foi impressa a primeira
Bíblia em
português.
Enquanto isso, no contexto católico romano, duas traduções feitas com base na Vulgata latina fizeram história. A primeira foi a do padre António Pereira de Figueiredo, publicada em 1790, e a segunda, publicada em 1930, foi a do padre Matos Soares, oficialmente recomendada pela Igreja Católica. No contexto protestante, no início do século XX, em 1917, foi publicada no Brasil uma tradução bastante literal e erudita que teve a colaboração do famoso Rui Barbosa. Ficou conhecida por Versão brasileira, deixando de ser publicada algumas décadas depois. Mais recentemente, a clássica tradução de Almeida recebeu várias revisões, dando origem a várias versões similares: Almeida revista e corrigida (última revisão em 1995) e Almeida revista e atualizada (última revisão em 1993) pela Sociedade Bíblica do Brasil; Almeida corrigida fiel (1994), publicada pela Sociedade Bíblica Trinitariana e a Versão revisada (1967), publicada pela Imprensa Bíblica Brasileira (ligada à Convenção Batista Brasileira). A partir da década de setenta, novas traduções da Bíblia foram publicadas no mundo de fala portuguesa. O novo cenário religioso e cultural provocou o surgimento de uma série de versões não literais e baseadas na pesquisou exegética e lingüística mais recente. No contexto católico, apareceram as primeiras versões traduzidas com base nas línguas originais. Em 1976 foi publicada a conhecida Bíblia de Jerusalém, muito erudita e repleta de notas técnicas. Em 1982 é publicada a Bíblia Vozes, versão de linguagem menos erudita, mas elaborada sobre perita base exegética. Mais tarde vieram a Bíblia pastoral (1990), de linguagem mais popular e claramente afinada com a teologia da libertação, e a Tradução ecumênica (1997), muito erudita e a mais rica em notas críticas e lingüísticas disponível em português. Nos meios protestantes, foi publicada A Bíblia na linguagem de hoje (blh), pela Sociedade Bíblica do Brasil, em 1988, marcada por sua linguagem popular e por uma filosofia de tradução mais flexível, mas baseada em exegese erudita e respeitada. A blh passou por ampla revisão, que deu origem à Nova tradução na linguagem de hoje (ntlh), lançada no final do ano 2000.
Não se pode deixar de mencionar também o fato
de que, em Portugal, em 1993, foi publicada uma boa versão contemporânea
da Bíblia, interconfessional,
chamada Bíblia em português corrente. A tradução foi elaborada
por uma comissão de especialistas portugueses. Como mencionamos
inicialmente, a Nova
Versão Internacional, publicada em 2001 (Novo Testamento em
1994), é uma versão fiel ao original e de linguagem contemporânea.
Trata-se de uma versão
marcada por sua riqueza exegética e por ser evangélica em sua
abordagem teológica, vindo contribuir para a história da Bíblia em
língua portuguesa. O
propósito dos estudiosos que traduziram a NVI foi acrescentar à
lista das várias traduções existentes em português um novo texto que se
definisse valendo-se
de quatro características fundamentais: tradução precisa, beleza
de estilo, clareza e dignidade. Isso quer dizer que a NVI almeja
fidelidade de sentido, beleza
literária, clareza de comunicação e dignidade de leitura.
Sem dúvida alguma, a língua portuguesa é
privilegiada pelo fato de contar com tantas boas traduções das
Escrituras Sagradas. A NVI pretende fazer coro a
tais esforços, prosseguindo a tarefa de comunicar a Palavra de
Deus com fidelidade e com clareza. Naturalmente, ela conterá
imperfeições, mas, com toda a
certeza, será um excelente instrumento de Deus para abençoar
milhões de pessoas,tanto no Brasil, como em outros países.
O perfil teológico da NVI: uma tradução evangélica das Escrituras Ainda que nem todas as pessoas tenham consciência disso, as diversas traduções da Bíblia sempre estão alinhadas com uma postura teológica e confessional.
É praticamente impossível fazer uma tradução
bíblica que não tenha pressupostos teológicos ou confessionais. É muito
simples, por exemplo, perceber a
diferença entre uma Bíblia protestante e uma Bíblia católica:
qualquer versão católica apresenta os sete livros apócrifos (Tobias,
Baruque, Eclesiástico,
Sabedoria, Judite, 1 e 2 Macabeus), acrescentados ao cânon
católico no século xvi. Judeus e protestantes não aceitam a inspiração
desses livros. Em
português, as versões católicas não só se reconhecem pelos
livros apócrifos, mas também pelo linguajar e por expressões peculiares.
Vejamos alguns
exemplos (grifos do autor):
Romanos 12.1 Exorto-vos, portanto, irmãos, pelas misericórdias de Deus, a que ofereçais vossos corpos como hóstia viva, santa e agradável a Deus: este é o vosso culto espiritual (Bíblia de Jerusalém). Portanto, irmãos, rogo-lhes pelas misericórdias de Deus que se ofereçam em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus; este é o culto racional (nota de rodapé: Ou espiritual) de vocês (NVI). Atos 26.20 ... mas tenho pregado primeiro aos de Damasco, depois aos de Jerusalém e por toda a região da Judéia. Aos pagãos anunciei a penitência e a conversão para Deus por meio de obras dignas de penitência (Bíblia Vozes). Preguei em primeiro lugar aos que estavam em Damasco, depois aos que estavam em Jerusalém e em toda a Judéia, e também aos gentios, dizendo que se arrependessem e se voltassem para Deus, praticando obras que mostrassem o seu arrependimento (NVI). Como se pode comprovar, essas traduções utilizam termos ligados à teologia católica romana. Os termos hóstia e penitência não representam muito bem o significado do original, mas foram escolhidos por atenderem à necessidade de um jargão confessional e teologicamente definido. Há algumas outras versões como a Tradução ecumênica (católica) e a Bíblia em português corrente (protestante) que pretendem ser traduções utilizáveis por fiéis de confissões religiosas distintas: protestantes, católicos e judeus. Há algumas traduções que têm um direcionamento teológico mais definido. O exemplo mais conhecido é a Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas.
Essa tradução foi publicada pelas Testemunhas
de Jeová e não é reconhecida por ninguém fora do grupo. Textos como
Gênesis 1.2, Lucas 23.43, João 1.1 e
Hebreus 1.8, entre muitos outros, foram traduzidos de maneira
particular, para se acomodarem às doutrinas da referida seita. Outra
tradução com perfil muito
claro quanto à sua proposta é a Bíblia pastoral. Essa tradução
está nitidamente vinculada à teologia da libertação. O vocabulário
utilizado, algumas opções
específicas e os títulos que encabeçam as diversas seções do
texto bíblico confirmam esse posicionamento teológico. Finalmente, deve
ser dito que a Versão
revisada, publicada pela Imprensa Bíblica, é utilizada quase
exclusivamente pelos batistas.
Ainda que seja uma versão respeitável, trata-se de um texto produzido dentro do ambiente das igrejas batistas. Por fim, é necessário dizer também que as versões bíblicas variam com respeito à perspectiva teológica. Há algumas versões protestantes que não são evangélicas. Isso quer dizer que os tradutores dessas versões têm um posicionamento teológico menos conservador. Um exemplo estrangeiro é a New English Bible, publicada na Inglaterra. Em contrapartida, há versões evangélicas que representam um posicionamento teológico estritamente conservador, extremamente fundamentalista. No caso das versões disponíveis em português, a blh e ntlh são as mais abertas no posicionamento teológico e a Versão corrigida fiel, a mais conservadora. Isso também é observado no contexto católico romano. Para uma visão mais clara a respeito do assunto, observe o gráfico abaixo:
Isso significa que a NVI é uma versão
protestante, evangélica, não-denominacional e representa uma visão
teológica consensual entre os cristãos evangélicos.
Portanto, a NVI não é carismática ou pentecostal nem
anticarismática; não é calvinista nem arminiana, não é batista, nem
presbiteriana, nem assembleiana.
Sua tradução não favorece nenhuma perspectiva
denominacional específica. A NVI também não tem nenhum compromisso com
qualquer linha teológica
particular. A NVI tem por finalidade principal comunicar a
Palavra de Deus ao homem do século xxi. Seu propósito é servir a igreja e
alcançar os que não
conhecem o evangelho de Jesus Cristo.
Uma versão contemporânea para a igreja do século XXI Já tivemos a oportunidade de perceber a importância da atualização da linguagem na tradução da Bíblia. Todos sabemos que muitas palavras deixam de ser compreendidas. Além disso, a maneira de expressar o pensamento e as emoções muda de época para época. A maneira antiga de falar e de escrever não tem o mesmo impacto que teve no passado. A importância disso já foi discutida no capítulo “Por que uma nova tradução da Bíblia?”. Nosso desejo agora é demonstrar que tipo de versão contemporânea é a NVI. Nem sempre percebemos de imediato que falamos diversas “línguas”. Ainda que todos os brasileiros falem o português contemporâneo, há uma imensa diversidade dentro da língua oficial. Quando pensamos em uma tradução da Bíblia, é absolutamente necessário levar em conta para quem estamos fazendo essa tradução. Quais são as pessoas que vão ler essa Bíblia? Qual é o português falado por elas? Para lidarmos com essa problemática, é necessário detectar os diferentes tipos de português falados em nosso contexto. Quando procuramos delimitar essa variedade lingüística, vamos encontrar alguns grupos lingüísticos definidos: 1. O português contemporâneo comum É a linguagem dos jornais, da mídia em geral, entendida e usada pela vasta maioria da população. 2. Variantes socioculturais O linguajar de professores e acadêmicos é muito diferente do falar dos pedreiros e das empregadas domésticas. Há diversos níveis diferentes de instrução na população brasileira. Desde os analfabetos até os professores de pós-graduação, há uma enorme variedade de linguagem. Uma tradução bíblica precisa definir a quem direcionará primordialmente sua obra. 3. O português teológico Há um vocabulário específico do qual não se pode abrir mão, pois interagimos com uma tradição de séculos. Há expressões como “Dez Mandamentos”,“Bem-aventuranças”, “inferno”, “obras da carne”, “Filho Unigênito” etc. que são facilmente entendidas e não encontram expressão melhor em português. Ainda que muitos não a usem no dia-a-dia, todos as compreendem razoavelmente. 4. O “evangeliquês” Trata-se da linguagem comum cotidiana do povo evangélico que tem suas peculiaridades. Um descrente nem sempre entende a conversa entre dois cristãos evangélicos. Frases como “O louvor foi uma bênção”, “O fogo caiu”, “A paz, irmão”, “Eu estava na carne”, “Misericórdia!”, “som gospel” etc. soam no mínimo estranhas para quem não freqüenta uma igreja evangélica. 5. Os regionalismos Não podemos desconsiderar as maneiras peculiares de falar do Brasil e também de Portugal. Há termos comuns em certos estados que são ofensivos e de baixo calão em outro. Nenhuma tradução bíblica pode ser elaborada adequadamente sem considerar o problema dos regionalismos. É impossível fazer uma tradução que inclua os termos específicos de cada região. Todavia, é necessário evitar termos incompreensíveis e mal-entendidos pela maioria da população. A NVI é uma versão bíblica que levou em consideração todos esses aspectos. Trata-se de uma versão contemporânea que preserva as palavras teológicas importantes do texto bíblico, expressa o pensamento bíblico de modo evangélico e comunica com clareza a Palavra de Deus para os não-cristãos. Além disso, a NVI não é uma versão de terminologia erudita, que apresenta vocábulos difíceis de entender e frases de leitura complicada. No entanto, sua proposta também não é ser uma versão popular demais. A NVI foi preparada para que uma pessoa de nível médio compreenda a sua linguagem sem dificuldades. Ao mesmo tempo, a leitura do texto da NVI preza por um estilo agradável e digno da Palavra de Deus. Toda versão bíblica tem um leitor em mente. A NVI não é uma versão bíblica destinada apenas a cristãos, nem apenas a pessoas cultas, nem ainda a quem não detém nenhuma cultura. Trata-se de um texto capaz de comunicar a todos. É uma versão para a igreja evangélica brasileira realizar sua tarefa de ensino e de evangelização. Para tanto, a NVI evitou arcaísmos, linguagem ofensiva, regionalismos e terminologia muito erudita. Observe o quadro abaixo para compreender o perfil da NVI comparado ao de outras versões bíblicas disponíveis em português.
Em suma, a NVI é o resultado do esforço dos evangélicos de língua portuguesa que têm em mente o crescimento do Reino de Deus.
Para tão nobre tarefa, a NVI será o instrumento ideal, pois precisamos comunicar a Palavra de Deus com fidelidade e com o mesmo impacto que nossos antepassados exerceram em suas gerações. ¹ Os primeiros contatos foram feitos em 1985 e os trabalhos preliminar tiveram início em 1987. O projeto de tradução só começou em 1990. |
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Toda versão da Bíblia que pretende ser séria
deve primar pela fidelidade ao texto original. É de fato um grande
absurdo mudar intencionalmente o sentido do texto
bíblico original por quaisquer motivos. Por isso, a grande
maioria das versões bíblicas evangélicas é séria e procura ser fiel em
sua tradução do texto sagrado. Se
isso é verdade, por que elas são diferentes em tantos
versículos? Além das razões já apresentadas nos capítulos anteriores, há
uma que é fundamental: a
compreensão do que é traduzir a Bíblia de modo fiel é diferente
de uma versão para outra. Há versões que procuram traduzir o texto
bíblico de maneira muito literal
e praticam o que é conhecido por equivalência formal, isto é,
procuram preservar ao máximo a forma da língua original na língua
receptora. As versões contemporâneas da Bíblia entendem que essa
postura, ainda que bem-intencionada, não é capaz de produzir uma versão
que comunique adequadamente o texto
original na língua receptora. Por essa razão, são versões fiéis
ao sentido do original. Esse é o ponto de partida da NVI.
A impossibilidade da literalidade absoluta É muito importante que todos saibam da impossibilidade de fazer uma tradução totalmente literal do texto bíblico. A realidade desse fato pode ser constatada se pudermos observar a tradução literal de um texto bem conhecido (Gn 3.1-7): 1 E o serpente era astuto mais que toda vida do campo que fez Javé Deus. E disse para a mulher: De fato que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim? 2 E disse a mulher para o serpente: Do fruto da árvore do jardim comeremos, 3 E, do fruto da árvore que no meio do jardim, disse Deus: Não comereis dele, e não tocareis nele, para que não morrais. 4 E o serpente disse para mulher: não morrer morrereis. 5 Porque sabe Deus que, no dia do vosso comer dele, e serão abertos os vossos (dois) olhos, e sereis como Deus, sabedores do bem e do mal. 6 E viu a mulher que boa a árvore para alimento, e agradável aos (dois) olhos, e era desejada a árvore para tornar sábio, tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, com ela, e ele comeu. 7 E foram abertos os (dois) olhos dos dois deles, e souberam que nus eles; e costuraram folha de figueira, e fizeram para si aventais. Como podemos observar, nenhuma versão bíblica pode ser de fato literal de modo absoluto. Tal procedimento faria do texto bíblico um texto literalmente incompreensível. O que poucos sabem é que uma tradução bem literal deixaria grande parte do texto bíblico ainda mais sem sentido do que o texto do terceiro capítulo de Gênesis. A verdade é que as diferentes versões apenas escolhem onde podem ou querem ser literais, e decidem também até que ponto preferem traduzir o texto literalmente. Observe a fluência e a legibilidade do texto da NVI em Gênesis 3. Há casos nos quais uma tradução muito literal produz resultados ainda mais graves. Veja o exemplo de Tiago 1.2 (tradução literal do grego): Toda alegria contai, irmãos meus, quando em tentações cairdes em diversas. Há versões que se afastam da forma do original grego, mas não comunicam o sentido corretamente. Veja esse exemplo: Meus irmãos, tende grande gozo quando cairdes em várias tentações (Almeida corrigida fiel). Já a NVI prefere uma tradução menos literal, todavia bastante fiel ao sentido pretendido pelo autor inspirado: Meus irmãos, considerem motivo de grande alegria o fato de passarem por diversas provações... Diante da realidade de que é absolutamente necessário fazer uma tradução clara e precisa do texto bíblico, passaremos a mostrar os diversos elementos fundamentais para que se faça uma tradução exata das Escrituras. Veremos também como foi que a NVI lidou com os diversos problemas de tradução para chegar a uma versão fiel, contemporânea e clara das Escrituras. A NVI e a fidelidade ao original Agora passaremos a observar os diferentes exemplos de como uma tradução como a NVI busca ser fiel ao texto original. Em vez de entender fidelidade como literalidade simplista, a NVI mostra como é necessário observar diversos fatores lingüísticos para que se alcance de fato a tradução do sentido pretendido pelos autores do texto bíblico. O significado literal preciso das palavras A NVI não pretende inovar por inovar. Há milhares de palavras na Bíblia que devem ser traduzidas literalmente, pois não só é desnecessário fazer uma tradução não-literal, como também, em muitos casos, não ocorre nenhum prejuízo de comunicação na tradução literal. Além das palavras mais comuns como fé, amor, misericórdia, céu, Senhor etc., muitas palavras teologicamente importantes foram traduzidas ao pé da letra na NVI. Entre elas devemos destacar alguns exemplos significativos: unigênito (Jo 1.14,15; 3.16; 1Jo 4.9 referência a Jesus) carne (Rm 7, 8; Gl 5 referência à natureza pecaminosa) bem-aventurado (Mt 5 expressão consagrada)¹ gentio (Mt 20.19 não há termo melhor) páscoa (Jo 13.1 termo consagrado) imagem de Deus (Gn 1.27 expressão teológica consagrada) O significado contextual preciso das palavras Uma versão contemporânea, como é o caso da NVI, precisa levar em conta os estudos especializados da semântica. Um mesmo termo grego ou hebraico encontra significados diferentes em contextos distintos. As nuanças contextuais, o uso feito pelo autor e outros fatores mudam o significado comum do termo usado.
Observe
como a NVI lidou com algumas dessas palavras. O termo hebraico
berît, por exemplo, tem o sentido geral de aliança. É assim que ele deve
ser traduzido quando se
refere ao relacionamento entre Deus e os homens.
Todavia, quando o mesmo termo se refere ao relacionamento entre duas nações ou entre os homens, a tradução
do termo muda na NVI. Quando dois homens fazem um berît, a NVI diz que eles firmam um acordo (Gn 21.27; 26.28; 31.44). No caso de uma aliança entre duas nações, a tradução correta do termo é tratado (1Rs 5.12; 15.19). A tradução adequada é determinada pelo contexto em que o termo ocorre. Os termos nephesh (hebraico) e psychê (grego) significam literalmente alma. No entanto, em diversas passagens não é possível traduzi-los assim. As traduções legítimas possíveis dos dois termos são vida, pessoa, um pronome pessoal, vigor e força.
Veja algumas passagens bíblicas em que um dos
termos aparece (Gn 14.21; Sl 23.3; Lc 12.19; Jo
10.24; At 2.41). Esse mesmo fenômeno acontece também com outros
termos que aparecem em toda a Bíblia. Veja a lista abaixo que traz o
significado literal de
algumas palavras bíblicas e suas respectivas traduções
contextuais:
Há ainda alguns outros exemplos importantes que
merecem ser destacados. A palavra traduzida literalmente por conhecer,
tanto no grego como no hebraico, tem
muitas vezes sentido de relacionamento sexual. Por isso, nesses
textos a tradução que a NVI dá ao termo é ter relações (Gn 4.1; Mt
1.25). Quando o texto bíblico
fala que um homem conheceu uma mulher e ela engravidou, o leitor
que desconhece o uso do verbo na língua original ensará que o homem, e a
mulher também,
era uma pessoa de baixa moral.
A palavra hebraica geralmente traduzida por lepra tem na verdade significado mais amplo. A NVI traz uma nota de rodapé explicativa sobre o significado do termo hebraico e o traduz de maneira diferente em Levítico 14, em que o texto original fala sobre a lepra da casa, que nesse contexto significa mofo da casa. Outro caso que merece atenção é o da palavra hebraica geralmente traduzida por barba, que também pode significar queixo. Em Levítico 13.29, o texto bíblico fala da lepra da barba do homem ou da mulher. É claro que o sentido do termo nesse versículo não pode ser barba; o sentido ali é queixo. Nem todas as versões perceberam o problema da tradução literal e algumas acabaram deixando as mulheres de barba! Como se vê nesses exemplos, muitas vezes é absolutamente necessário traduzir o mesmo termo de maneira diferente em textos distintos, porque ali o significado difere. Fidelidade e honestidade científica Qualquer pessoa concordará em que jamais devemos duvidar do que é certo e absoluto. Isso é especialmente importante quando lidamos com verdades espirituais.
Não podemos duvidar da divindade de Cristo, da
veracidade das Escrituras, do poder de Deus etc. Toda versão bíblica
evangélica e respeitável deve transparecer
essas e outras verdades doutrinárias em sua tradução do texto
sagrado. No entanto, há o outro lado da moeda: não devemos dar como
certo o que é duvidoso ou
provável. Por essa razão a NVI traz algumas traduções peculiares
em alguns textos bíblicos. Há casos em que a palavra foi deixada como
aparece na língua original
porque não sabemos qual é o seu significado exato. Em outros
versículos encontraremos termos que permitem ser traduzidos por mais de
uma palavra em
português; nesses casos a NVI apresenta uma nota de rodapé com a
tradução alternativa do termo. É preciso ser honesto e muitas vezes
admitir que não sabemos
tudo sobre as línguas originais. Vejamos alguns exemplos:
1. Termos de significado ainda incerto Em Gênesis 6.4 a NVI diz: “Naquele tempo havia nefilins na terra”. Qual é a razão dessa escolha? É muito simples: ninguém sabe com certeza quem eram os nefilins. O termo significa literalmente caídos. Todavia, existem várias hipóteses sobre a identidade dos nefilins. Uma tradição antiga, baseada na tradução da Septuaginta, escolheu traduzir o termo por gigantes, que é uma interpretação do termo hebraico. Diante dessa realidade, a NVI preferiu deixar o termo como aparece no hebraico e incluir uma nota de rodapé com as interpretações mais comuns. Esse mesmo procedimento foi adotado com outros termos como Leviatã (Jó 41.1), Beemote (Jó 40.15), Azazel (Lv 16.26) etc. Não se pode afirmar como certo o que é apenas provável! Há o caso de uma expressão que aparece em Êxodo 4.6, em que o texto hebraico diz que a mão de Moisés estava leprosa, como a neve. A NVI evita interpretações aqui e traduz por “estava leprosa; parecia neve”.
Alguém pode entender que a mão estava branca
como a neve. É uma possibilidade de interpretação. Outros estudiosos,
porém, entendem que a mão de Moisés
ficou enrugada, como é o aspecto da neve. Que fazer? Não temos a
resposta definitiva. É melhor seguir o hebraico e deixar as
interpretações para os estudiosos e
para os pregadores. Outro exemplo dessa postura da NVI encontra-se
em Êxodo 28.20, em que a nota de rodapé informa ao leitor que a
tradução dos nomes das
diversas pedras preciosas que aparecem no texto não é absoluta.
2. Termos que admitem mais de uma tradução Devido ao seu campo semântico específico, muitas palavras gregas e hebraicas não podem ser traduzidas para o português por um só vocábulo. Às vezes, nem mesmo uma expressão pode traduzir a idéia adequadamente. Há jogos de palavras cuja riqueza só pode ser percebida no original. Nos casos em que as palavras têm mais de um significado, a NVI inclui uma nota de rodapé que traz a alternativa. Vejamos o exemplo de João 3.3. Nesse versículo, o texto fala sobre nascer de novo. A palavra grega assim traduzida significa também nascer de cima, ou seja, de Deus. Não é possível incluir a “santa ambigüidade” do texto grego na tradução em português. A solução proposta pela NVI foi incluir a nota de rodapé com a informação completa para o leitor. 3. Variantes textuais Em vários textos bíblicos há variações textuais nos manuscritos gregos, hebraicos e aramaicos. Muitas vezes é fácil fazer uma opção. Em outros casos, não é tão fácil assim. Um exemplo interessante e fácil de ser entendido é o que aparece em Romanos 5.1, em que lemos que “Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo”. Cerca de metade dos manuscritos gregos apresenta a forma temos, a outra metade traz tenhamos. Como resolver esse problema? Como ele surgiu? Por mais incrível que possa parecer, a diferença entre as duas formas verbais no grego é apenas um o breve (indicativo) e um o longo (subjuntivo). O equivalente em língua portuguesa seria a diferença entre um ô e um ó. É provável que um escriba, que copiou o texto, provavelmente ditado, trocou uma letra e deu origem ao problema. Diante do contexto e do argumento de Paulo faz mais sentido seguir a opção temos. Por essa razão, a NVI optou por temos no texto, mas não deixou de incluir a nota de rodapé com a alternativa. Acréscimo de palavras Na maior parte das vezes, uma palavra grega ou hebraica encontra um termo correspondente em português. Todavia, há termos que, para serem compreendidos corretamente, precisam ser traduzidos com o acréscimo de uma ou mais palavras. É o caso do termo Ásia, palavra que ocorre cerca de vinte vezes no Novo Testamento. Em português contemporâneo Ásia significa o grande continente que faz fronteira com a Europa. No Novo Testamento, porém, o termo refere-se a uma província romana, chamada Província da Ásia (At 2.9), tradução escolhida pela NVI. Essa é uma tradução mais precisa.
Uma única palavra em grego e em hebraico significa pão sem fermento em português, opção da NVI.
Em muitos textos, a tão importante palavra
hebraica hesed, traduzida geralmente por misericórdia, aparece na NVI
traduzida por amor leal (Sl 6.4). O termo
hebraico comporta os dois conceitos e deve ser assim traduzido em
muitas passagens.
Esses exemplos são suficientes para mostrar a necessidade de traduzir muitas palavras das línguas originais de acordo com o significado que elas comportam, e não apenas de acordo com a mera forma. A tradução das figuras de linguagem e das expressões idiomáticas Metáfora, metonímia, sinédoque são algumas das muitas figuras de linguagem que conhecemos das aulas de português. Sabemos que essas figuras variam de língua para língua, e todo idioma tem as suas expressões idiomáticas que não podem ser entendidas por quem não as conhece. Um dos grandes desafios de toda versão da Bíblia é traduzir essas imagens do texto sagrado. Nem sempre é fácil realizar essa tarefa. O amigo leitor deve imaginar a dificuldade de um tradutor da Bíblia para uma língua indígena na qual não existem muitos conceitos do mundo bíblico. Imagine falar sobre “passar um camelo pelo fundo de uma agulha” para quem não conhece nem camelo nem agulha! No caso da NVI, a maneira de traduzir as figuras de linguagem e as expressões idiomáticas do texto bíblico foi diversificada. Foi possível ser literal em vários versículos, em outros textos foi possível uma adaptação e em muitos casos não foi possível esquivar-se da interpretação. 1. Figuras traduzidas literalmente Há muitos casos de figuras de linguagem já consagradas em português e plenamente compreensíveis. Muitas vezes o próprio contexto facilita a compreensão da figura. Nesses casos não houve necessidade de modificação ou inovação: Eu sou o pão da vida (Jo 6.35) O Senhor é a minha luz (Sl 27.1) Ele é a cabeça do corpo, que é a igreja (Cl 1.18) Vocês são o sal da terra (Mt 5.13) A tua palavra é lâmpada que ilumina os meus passos (Sl 119.105) 2. Figuras adaptadas para o português Outras figuras foram devidamente adaptadas para o português na NVI por uma expressão razoavelmente equivalente: Gênesis 29.14 Hebraico: Você é meu osso e minha carne. NVI: Você é sangue do meu sangue. Salmos 78.24 Hebraico: deu-lhe trigo dos céus. NVI: deu-lhe o pão dos céus. 3. Figuras conservadas e explicadas
Algumas figuras foram preservadas, mas
precisaram ser traduzidas no próprio texto para que não fossem
entendidas incorretamente:
Salmos 23.5 Hebraico: Unges com óleo (gordura) a minha cabeça... NVI: Tu me honras, ungindo a minha cabeça com óleo... Obs.: Ungir com óleo aqui quer dizer honrar. Sem a informação explicitada, o texto pode ser incorretamente relacionado com cura física ou espiritual. João 9.24 Grego: Dá glória a Deus. NVI: Para a glória de Deus, diga a verdade. Obs.: Os fariseus estavam exigindo que o homem dissesse a verdade, e não que dissesse “Glória a Deus”! 4. Figuras traduzidas conforme o significado
Em muitos outros casos foi absolutamente
necessário traduzir a figura ou a expressão idiomática pelo seu
significado em português.
Veja a solução da NVI em 21 casos específicos:
Conclusão
Depois das explicações e dos exemplos acima relacionados, temos certeza de que o amigo leitor já tem uma idéia bem mais clara sobre o que significa ser exato ou preciso numa tradução da Bíblia. Como vemos, a tarefa é difícil, mas sua importância é fundamental. A Palavra eterna de Deus merece todo o respeito e toda a honra. Nada mais poderá torná-la amada, respeitada e honrada do que comunicar com a maior exatidão possível aquilo que os seus autores inspirados deixaram escrito para nós. Foi esse o propósito da Nova Versão Internacional.
¹Assim usado somente nas Bem-aventuranças. Em outros textos a tradução geral é Como é feliz.
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Uma versão bíblica bem traduzida não deve
apenas procurar ser fiel ao texto original. Além dessa característica
tão relevante, uma versão bíblica deve também
buscar fazer uma tradução do texto sagrado com muita beleza
literária, clareza de linguagem e dignidade na sua forma de expressão.
Há muita poesia na Bíblia. O
tradutor jamais poderá recuperar todos os detalhes do texto
original em sua tradução. Todavia, todo esforço necessário deve ser
feito para que o texto tenha
fluência e seja bem escrito na língua receptora. Além disso, a
clareza de idéias é de extrema importância numa versão bíblica. Às
vezes, algumas adaptações
estilísticas são imprescindíveis. Além disso, é preciso
reorganizar idéias do texto para que ele seja entendido claramente, sem
ambigüidades, redundâncias e outros
vícios de linguagem. Por fim, uma versão bíblica deve possuir
dignidade, isto é, ter um nível de linguagem correspondente ao texto
sagrado. A NVI é uma versão
para ser lida do púlpito e, mesmo sendo contemporânea e marcada
pela clareza, foge da vulgaridade e de expressões que, de alguma forma,
possam depreciar a
Palavra de Deus. Neste capítulo apresentaremos características da
NVI relacionadas com algumas dessas qualidades que marcam essa versão
bíblica.
Naturalmente, não faltarão exemplos que
demonstrarão a singularidade da NVI de maneira nítida e convincente para
o amigo leitor.
Os aspectos literários gerais A NVI dispensa a devida atenção aos aspectos literários das Escrituras Sagradas. Por isso, cada um dos principais estilos literários aparece na tradução diagramado de maneira particularizada. O aspecto visual específico de cada texto permite ao leitor fazer a distinção entre eles. Há quatro categorias literárias fundamentais: 1) textos narrativos, legais e epístolas; 2) poesia; 3) genealogias e listas; 4) carta específica (At 15.23-29). O aspecto visual dos textos bíblicos já comunica muito na NVI, além de ser agradável ao leitor comum. Ao contrário de muitas versões clássicas que organizam o texto sagrado apenas pela ordem dos versículos, a NVI o organiza por parágrafos. A relevância dessa postura é facilmente percebida. Em primeiro lugar, os números dos capítulos e dos versículos existentes em nossas Bíblias não fazem parte do texto original e não são inspirados. Além disso, eles só foram incluídos nas Escrituras na Idade Média, por razões pragmáticas. Isso significa que nem sempre os versículos foram bem divididos. Há textos que exigem um ponto final e um início de parágrafo no meio de um versículo. Por essa razão, a NVI prefere organizar o texto de acordo com as próprias exigências literárias do texto. Para tanto, é muito importante subdividir o texto em unidades menores, que são os parágrafos. Beleza e fluência de linguagem Conforme já foi salientado, em virtude da grande diferença entre a sintaxe do português atual e a das línguas originais, a NVI sabe que é impossível comunicar adequadamente a Palavra de Deus prendendo-se à estrutura de frase das línguas originas. Por isso, o texto da NVI é marcado por clareza de linguagem, naturalidade da língua receptora, expressividade e fluência. O texto deve transmitir com impacto aquilo que pretende. Algumas vezes o contexto é ou de vitória, ou de louvor, ou de tristeza, ou de lamentação. A tradução deve transmitir as idéias com exatidão, captar a expressividade das frases nas línguas originais e transmiti-las com clareza e com a emoção necessária. Naturalmente, para que isso seja possível, é evidentemente necessário reconstruir a frase conforme as exigências sintáticas e estilísticas do português contemporâneo, bem como de sua devida pontuação. Nada será melhor do que dar alguns exemplos para ilustrar essas características da NVI:
Observe a diferença entre as duas versões e note
como a NVI é clara, expressiva, com fluência e naturalidade. Como pode
um falante comum do português de hoje
entender a frase literal “E cresceu o varão em grande maneira...”(v.
43)? Sem dúvida, essa frase não é clara nem natural.
Os exemplos falam por si mesmos e são
contundentes. Procurando traduzir fielmente a idéia do original, a NVI
também dá atenção ao estilo literário, procurando
comunicar o texto de forma contemporânea e precisa.
Evitando ambigüidades Como já vimos, há textos bíblicos (Jo 3.3) em que há uma ambigüidade intencional e importante. O autor quer comunicar mais de uma idéia. No entanto, há ambigüidades prejudiciais e enganosas que não podem permanecer numa tradução das Escrituras. A NVI também preocupou-se com esse problema. Vejamos alguns exemplos. Em Romanos 1.17 lemos no grego: “porque a justiça de Deus nele se revela de fé para fé”. A expressão “de fé para fé” é geralmente traduzida por “de fé em fé”. No entanto, o que quer dizer isso? A frase é ambígua. Na NVI a expressão é interpretada com base nas nuanças sintáticas das preposições gregas, daí a tradução: “uma justiça que do princípio ao fim é pela fé”. O texto de 1Timóteo 5.3 diz: “Honre as viúvas que realmente são viúvas”. Como assim? Existem viúvas que não são viúvas? O significado correto do texto aparece na NVI, sem ambigüidade e sem confusão: “Trate adequadamente as viúvas que são realmente necessitadas”. Em Marcos 8.14 o texto diz no original grego: “E eles se esqueceram de levar pão, e não tinham senão um só consigo no barco”. O problema desse versículo é que no texto imediatamente anterior Jesus está falando com os fariseus. O versículo 13 afirma que Jesus “deixou-os”, isto é, os fariseus (cf. v. 11). A leiturados versículos de 14 a 21 vai mostrar que agora Jesus está falando com os discípulos. O pronome eles agora não se refere mais aos fariseus. Para evitar a ambigüidade, a NVI coloca o sujeito explícito no lugar do pronome: “Os discípulos haviam se esquecido de levar pão, a não ser um pão que tinham consigo no barco”. Evitando anacronismos
Cometer anacronismo é usar um termo de modo
inadequado em referência a determinada época. Certa vez um pregador
estrangeiro afirmou que, ao entrar em
Jerusalém, Jesus estava montado em uma “jamanta”. Ele pretendia
dizer “jumento”, com base no texto de Mateus 21.5. Naturalmente, o
auditório explodiu em
gargalhadas, devido ao anacronismo não intencional do pregador.
Uma tradução das Escrituras deve tomar o cuidado de evitar tais
equívocos. Há casos em que até
coisas que nunca existiram aparecem em certas versões bíblicas
(anacronismo perene!). A Versão corrigida, por exemplo, fala do
unicórnio em alguns textos (Jó
39.9,10), animal lendário de um único chifre. Já a Living Bible,
versão de linguagem bem livre em língua inglesa, chegou a incluir na
lista de instrumentos de
Apocalipse 18.22 o piano e o saxofone! Há algumas versões mais
populares que usam termos como “cerveja”, “banheiro” ,“empregada” etc.,
que, apesar de
facilmente compreendidos, são anacrônicos. Um dos termos muito
usados em diversas versões da Bíblia, mas evitado pela NVI em vários
textos foi dinheiro.
Quando o leitor moderno escuta essa palavra, ele
já a associa com notas e moedas. Na maioria dos textos do Antigo
Testamento a palavra hebraica original,
keseph, significa prata ou peças de prata (Gn 43.18,21).
Fazendo mudanças na organização da frase Há alguns fenômenos das línguas originais da Bíblia que precisam ser adaptados numa tradução para o português. Em virtude do caráter introdutório deste livro, não pretendemos desenvolver o assunto amplamente. Todavia, certas mudanças feitas na NVI precisam ser esclarecidas. Vejamos dois fenômenos que exigem adaptação na tradução do texto bíblico: 1. Quiasmo Também conhecido por cruzamento, é uma forma de organizar uma frase (no hebraico e no grego bíblico) de modo que a primeira parte tenha relação com a quarta, e a segunda, com a terceira. Vejamos o exemplo que aparece em Filemom 5. A ordem do texto grego é a seguinte: 1) ouvindo do teu amor 2) e da fé, que você 3) para com o Senhor Jesus 4) e para com todos os santos Não há dúvida que Paulo ouviu do amor que Filemom tem para com os santos e da fé que ele tem no Senhor Jesus. Por essa razão a NVI reorganiza o texto em português, deixando-o mais compreensível e mais natural, da seguinte maneira: porque ouço falar da sua fé no Senhor Jesus (2 e 3) e do seu amor por todos os santos. (1 e 4) 2. Ordem cronológica
Alguns versículos bíblicos foram escritos sem
uma preocupação cronológica por parte do autor de mentalidade semítica.
Para a cultura ocidental e contemporânea,
isso parece muito estranho e, às vezes, confunde a mente do
leitor. Nesses casos, a NVI optou por reorganizar a ordem da frase na
tradução em português, para
permitir a compreensão adequada. Vejamos dois exemplos:
2Reis 4.21 E subiu ela, e o deitou sobre a cama do homem de Deus, e fechou sobre ele a porta, e saiu (Corrigida ibb). Ela subiu ao quarto do homem de Deus, deitou o menino na cama, saiu e fechou a porta (NVI). É fácil perceber a dificuldade de um leitor atento. Como pôde ela fechar a porta e sair? Alguém poderia imaginar que a sunamita teria saído pela janela ou que talvez tivesse ocorrido um milagre, o que não é sugerido pelo texto. Lucas 5.28 Levilevantou-se, deixou tudo e o seguiu (NVI). No texto grego lemos: “deixando tudo, levantou-se e o seguiu”. Sem dúvida, a ordem da NVI é mais natural e mais clara. Riqueza exegética a serviço da clareza Muitos textos bíblicos, quando traduzidos à luz da gramática das línguas originais e de uma exegese sólida, comunicam a idéia do autor com maior clareza e mais impacto. O leitor poderá constatar que a NVI é uma versão bíblica caracterizada por uma riqueza exegética expressiva. Muitos textos explicitam mais nitidamente o campo semântico de determinadas palavras, bem como a função de certas construções gramaticais para benefício do leitor. Na verdade, são inúmeros os possíveis exemplos dessa riqueza exegética. Para os propósitos desse opúsculo, vamos apresentar alguns exemplos didaticamente mais importantes. 1. A explicitação do genitivo Em termos genéricos, o caso genitivo é expresso em português pelas construções compostas por intermediação da preposição de. Não é difícil perceber que essa preposição tem várias funções em português. Repare nas seguintes construções e na respectiva explicitação:
Quando alguém diz, por exemplo, “O cavalo do João
me machucou”, ficamos em dúvida sobre o que aconteceu. Será que o
ferido está chamando João de cavalo,
ou será que está se referindo ao cavalo que pertence a João? De
igual modo, vários textos bíblicos podem parecer ambíguos à primeira
vista. Todavia, depois de
uma avaliação gramatical e exegética, o texto pode ser mais bem
traduzido e compreendido. Vejamos alguns exemplos didáticos:
1Tessalonicenses 1.3 Lembramos continuamente, diante de nosso Deus e Pai, o que vocês têm demonstrado: o trabalho que resulta da fé, o esforço motivado pelo amor e a perseverança proveniente da esperança em nosso Senhor Jesus Cristo. Veja a diferença entre o literal e a NVI: trabalho da fé = trabalho que resulta da fé esforço do amor = esforço motivado pelo amor perseverança da esperança = perseverança proveniente da esperança Gálatas 5.5 Porque nós pelo espírito da fé aguardamos a esperança da justiça (Corrigida ibb). Pois é mediante o Espírito que nós aguardamos pela fé a justiça, que é a nossa esperança (NVI). Salmos 68.20 O nosso Deus (é) o Deus da salvação (para salvações); e para yhwh, o Senhor, as saídas da (para a) morte (hebraico literal). O nosso Deus é um Deus que salva; ele é o Soberano, ele é o Senhor que nos livra da morte (NVI). Como se pode verificar, a explicitação do genitivo permite uma tradução fundamentada, objetiva e clara. Além de tornar a linguagem natural, essa postura tradutológica traz consigo o resultado de uma exegese séria e bem fundamentada. 2. As nuanças sintáticas dos verbos De igual modo, a avaliação gramatical e exegética dos verbos das línguas originais permite uma tradução de maior qualidade. Vejamos alguns exemplos da NVI. Mateus 8.15 Tomando-a pela mão, a febre a deixou, e ela se levantou e começou a servi-lo. Obs.: O imperfeito do grego servia é inceptivo e significa aqui começou a servir, conforme a NVI. Rute 4.9 Então Boaz anunciou aos líderes e a todo o povo ali presente: “Vocês hoje são testemunhas de que estou adquirindo de Noemi toda a propriedade de Elime-leque, de Quiliom e de Malom...” Obs.: O verbo estou adquirindo está no perfeito no hebraico. Esse é um perfeito instantâneo, com nuança de presente. Em vez de adquiri é melhor traduzir o verbo conforme a NVI. 2Tessalonicenses 2.5 Não se lembram de que quando eu ainda estava com vocês costumava lhes falar essas coisas? Obs.: O imperfeito aqui é freqüentativo. Em vez de dizer lhes falava, a NVI traduz conforme a nuança sintática, isto é, costumava lhes falar. O uso dos pronomes Uma das peculiaridades da NVI é o uso que faz dos pronomes. Algumas pessoas podem ficar confusas ao descobrir que na NVI encontrarão os pronomes tu, você, senhor, vós e vocês. Por que essa diversidade? Em primeiro lugar, deve ser dito que a NVI reconhece a diversidade pronominal do português de hoje. O uso mais comum e crescente é o do pronome você(s). Por isso, a NVI o utiliza como forma comum de tratamento entre iguais. Todavia, ninguém fala com Deus usando a forma você. Por isso, a NVI prefere manter o tu nesse caso e nos outros contextos definidos por deferência. Naturalmente, o contexto é o que determina o uso dos pronomes. Vejamos os exemplos: Mateus 26.63, 64 Mas Jesus permaneceu em silêncio. O sumo sacerdote lhe disse: “Exijo que você jure pelo Deus vivo: se você é o Cristo,o Filho de Deus, diga-nos”. “Tu mesmo o disseste”, respondeu Jesus. “Mas eu digo a todos vós: Chegará o dia em que vereis o Filho do homem assentado à direita do Poderoso e vindo sobre as nuvens do céu.” Obs.: Jesus é chamado de você aqui porque está sendo tratado como criminoso. O contexto é de desrespeito. Jesus, porém, trata os líderes religiosos com deferência, expressa por meio de tu e de vós. Atos 25.26 No entanto, não tenho nada definido a respeito dele para escrever a Sua Majestade. Por isso, eu o trouxe diante dos senhores, e especialmente diante de ti, rei Agripa, de forma que, feita esta investigação, eu tenha algo para escrever. Obs.: Diante de Agripa, Festo e Berenice, Paulo os trata respeitosamente por senhores. O rei Agripa é tratado por tu (ti). João 4.9, 10 A mulher samaritana lhe perguntou: “Como o senhor, sendo judeu, pede a mim, uma samaritana, água para beber?” (Pois os judeus não se dão bem com os samaritanos.) Jesus lhe respondeu: “Se você conhecesse o dom de Deus e quem lhe está pedindo água, você lhe teria pedido e ele lhe teria dado água viva”. Obs.: A samaritana chama Jesus de senhor, devido à diferença social entre eles. Jesus a chama de você, por idêntica razão. Linguagem digna do texto sagrado Mesmo sendo uma versão contemporânea e preocupada com a comunicação, a NVI evita um linguajar muito chão. O texto bíblico deve ser lido do púlpito e não pode ser motivo de riso nem de desprezo. Vejamos alguns exemplos desse tipo de problema tradutológico. 1. Conotação inadequada Em 1Samuel 2.1 o texto bíblico traz as seguintes palavras: “o meu chifre está exaltado no Senhor” (cf. a tradução da King James version). O chifre era símbolo de poder e de força no contexto hebraico. Em português, porém, a conotação do termo é inadequada. A NVI diz: “No Senhor minha força é exaltada”. O texto de Salmos 35.13 diz o seguinte na Versão corrigida antiga: Mas, quanto a mim, quando estavam enfermos, o meu vestido era o saco; humilhava a minha alma com o jejum, e a minha oração voltava para o meu seio. Sem dúvida, além de estar em uma linguagem difícil, os termos vestido, saco e seio poderiam ter sido evitados. De maneira mais clara e sem permitir associações inadequadas a NVI diz: Contudo, quando estavam doentes, usei vestes de lamento, humilhei-me com jejum e recolhi-me em oração. 2. Linguagem excessivamente popular Em Levítico 23.34 diz o texto da Bíblia na linguagem de hoje: O dia quinze do sétimo mês é o dia em que começa a Festa das Barracas. Essa festa em honra do Deus Eterno durará sete dias. Já na NVI lemos o seguinte: No décimo quinto dia deste sétimo mês começa a festa das cabanas do Senhor, que dura sete dias. A NVI acha preferível usar cabanas em vez de barracas. Em Juízes 3.24, A Bíblia na linguagem de hoje afirma: Aí os empregados chegaram e viram que as portas estavam trancadas. Então pensaram que o rei tinha ido ao banheiro. A NVI expressa o texto com clareza, mas evita a linguagem extremamente popular: Depois que ele saiu, vieram os servos e encontraram trancadas as portas da sala superior, e disseram: “Ele deve estar fazendo suas necessidades em seu cômodo privativo”. |
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O leitor atencioso perceberá com facilidade
duas peculiaridades no texto da Nova Versão Internacional. A diferente
tradução dos pesos e medidas dos tempos
bíblicos e a presença de muitas notas de rodapé que fazem
referência ao texto. Naturalmente, é necessário que se entenda por que a
NVI apresenta diferenças
significativas da maioria das versões mais antigas nessas
questões. Prossigamos para a importante explicação do assunto.
Os pesos e medidas Na tradução dos pesos e medidas a NVI adotou basicamente o critério de privilegiar a compreensão do leitor. Não foi usado um único critério. Na verdade, três posturas foram adotadas para que se alcançasse tal compreensão: 1) tradução literal; 2) adaptação para medidas atuais; 3) conversão para medidas nossas. Com esses parâmetros em mente, passemos à apresentação dos diversos tipos de pesos e medidas existentes nas línguas originais. 1. Os pesos Os pesos bíblicos foram convertidos para os seus equivalentes aproximados em uso nos dias de hoje. Portanto, a NVI traz grama, quilo, tonelada etc. no texto bíblico e uma nota de rodapé nas principais ocorrências, informando o leitor a respeito da medida hebraica ou grega no original. Em alguns casos específicos, nos quais a redação do texto exige adaptação, foi feita essa adaptação conforme a exigência da passagem em questão. No caso da quesita, a tradução é diferente, porque trata-se de um peso/moeda de valor desconhecido (Gn 33.19). Veja a tabela abaixo:
2. Medidas lineares
De modo geral, as medidas lineares foram convertidas para as medidas aproximadamente equivalentes do sistema métrico decimal, exceto no caso de algumas como dedo e palmo, que são entendidas sem necessidade de explicação ou conversão. Observe a adaptação feita no caso das últimas duas medidas da lista a seguir:
3. Medidas de volume
Essas medidas foram as que mais deram trabalho aos tradutores da NVI. Especialmente no caso das medidas de volume para secos, a dificuldade foi maior por não haver correspondente amplamente usado na linguagem comum atual. Diante disso, a NVI utilizou dois critérios para traduzir as medidas de volume. Muitas vezes, no caso de medidas para líquidos, foi possível convertê-las em litros. Em outros casos, de medidas tanto para líquidos como para secos, foi feita uma adaptação de uma medida de capacidade em uso em nossos dias. Alguns textos exigem tradução específica por causa do contexto. Resumindo, os pesos e medidas foram traduzidos com a intenção de comunicar ao leitor de hoje as quantidades consideradas no texto bíblico. Padrão semelhante foi adotado também no caso das moedas, em que se procurou comunicar o significado do original, sem traduzir o texto literalmente sempre. Todavia, todo o cuidado foi tomado para evitar traduções indevidas como dólar, real ou cruzeiro. A principal razão por que é correto traduzir os termos bíblicos para certas medidas, adaptando-os por equivalentes atuais, é que, na verdade, as medidas bíblicas não tinham valor absoluto, pois variavam, conforme demonstrado pela arqueologia.
Isso se reflete nas notas de rodapé da NVI.
Portanto, quando se fala ou de caneca, ou de tonel ou de barril, a idéia
é aproximada, em conformidade com as
variáveis medidas dos tempos bíblicos.
As notas de rodapé
Qualquer pessoa pode observar que as notas de rodapé são bem freqüentes na NVI. Nesse aspecto, ela difere da maioria das versões mais tradicionais. Tais notas são enriquecedoras e atendem a várias necessidades do texto bíblico e também do leitor. Podem ser dividas em diversos tipos. 1. Notas que abordam questões de crítica textual
Informam ao leitor se existe alguma variante
textual relevante e qual o seu conteúdo. Em Gênesis 4.15 o texto bíblico
da NVI segue versões variantes em lugar de
basear-se no texto-padrão hebraico.
Gênesis 4.15: Conforme a Septuaginta, a Vulgata e a Versão Siríaca. 2. Notas que apresentam traduções alternativas Muito importantes para mostrar outras possibilidades legítimas de tradução do texto bíblico. Gênesis 1.1-3: Ou Quando Deus começou a criar os céus e a terra, 2 sendo a terra ..., 3 disse Deus: ... 3. Notas explicativas Algumas notas explicam o significado de certas palavras que não podem ser traduzidas de outra forma. Termos como gentio, sinédrio, pretório são exemplos. Gênesis 30.14, sobre mandrágoras: Isto é, plantas tidas por afrodisíacas e capazes de favorecer a fertilidade feminina. 4. Notas que informam a forma do termo na língua original Especialmente importantes quando a tradução não é literal. Gênesis 2.4: Hebraico: história da descendência; a mesma expressão aparece em 5.1; 6.9; 10.1; 11.10,27; 25.12,19; 36.1,9 e 37.2. 5. Notas que informam o significado de nomes bíblicos Gênesis 4.16: Node significa peregrinação. 6. Notas que informam possibilidades do texto original Gênesis 10.2: Filhos pode significar descendentes ou sucessores ou nações também nos versículos 3, 4, 6, 7, 20-23 e 29. 7. Notas que informam sobre medidas Gênesis 24.22: Hebraico: 10 siclos. Um siclo equivalia a 12 gramas.
Conclusão
Como se pode ver, o uso de notas de rodapé da NVI é de fato um instrumento importante de informação e de enriquecimento da tradução. O propósito não é trazer dúvida à mente do leitor. Ao contrário, além de informá-lo corretamente com honestidade, as notas ampliam os horizontes de todos aqueles que têm sede de conhecimento. |
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Uma nova versão bíblica desperta muita
curiosidade. Naturalmente, muitas perguntas já surgiram e outras ainda
surgirão sobre a NVI. Neste pequeno capítulo,
segue-se uma breve lista de perguntas comuns referentes à Nova
Versão Internacional. Neste púsculo apresentaremos respostas concisas e
objetivas para auxílio
e informação dos leitores.
1. Por que a NVI não é uma tradução mais livre, preocupada apenas com o significado dos termos? Porque a NVI reconhece a importância teológica de muitos termos e expressões da língua original. Um estudo sério de palavra-chave de certo livro ou de determinado autor fica prejudicado se não houver preocupação com as formas literais mais importantes do texto bíblico. Por isso, a NVI é uma tradução que se posiciona no meio-termo entre o literal e a tradução livre. 2. Qual é a ligação da NVI com a NIV inglesa? A NVI é uma tradução que segue o mesmo ponto de partida da NIV (New International Version), versão reconhecida internacionalmente por suas qualidades. A filosofia de tradução é muito semelhante. Todavia, não se deve imaginar que a versão estrangeira foi a fonte de referência única da NVI. Muito da contribuição exegética da versão irmã em língua inglesa foi incorporada à NVI. Entretanto, a Comissão de Tradução da NVI em português em muitos textos preferiu opções exegéticas muito diferentes da opção da versão inglesa. Jamais houve dependência obrigatória da NVI em qualquer nível, seja teológico, seja exegético, seja hermenêutico, em relação à NIV inglesa ou a qualquer outra versão estrangeira de qualquer outra língua. Sem dúvida, o leitor encontrará muitas semelhanças entre as duas, mas também verá muitas diferenças. 3. Por que têm surgido ataques contra a NVI? Muitas vezes por falta de conhecimento. Geralmente os que atacam a NVI e muitas outras versões o fazem por serem extremistas em sua postura. Muitos adeptos radicais do chamado Textus receptus questionam todas as versões bíblicas que não estão apoiadas nele. A NVI é eclética em sua abordagem textual, seguindo principalmente o Texto crítico, mas interagindo com o Texto majoritário. Há uma discussão detalhada sobre o assunto no site da Sociedade Bíblica Internacional (www.sbibrasil.org.br). No site da sbi, o leitor encontrará o artigo O difícil caminho em busca de uma melhor tradução, que trata o assunto com maestria. O autor do artigo, o professor Carlos Osvaldo C. Pinto, diretor do Seminário Bíblico Palavra da Vida, é especialista no assunto. 4. Por que a NVI traduziu o nome de Deus por Senhor e não por Jeová ou Javé? Porque esse tem sido o padrão das traduções em português e em outras línguas também. Além disso, essa também foi a tradução dada pelos tradutores da Septuaginta e pelos autores do Novo Testamento grego. Além do mais, uma tradução muito literal não comunicaria muito ao leitor brasileiro ou português. Na verdade, se quiséssemos ser bem literais, deveríamos traduzir o nome de Deus por yhwh, porque Javé e Jeová são conjecturas, baseadas na revocalização do termo hebraico. A pronúncia realmente original do nome de Deus não é conhecida. 5. A NVI sofrerá revisões ou é um texto final, absoluto? Todo trabalho humano é imperfeito. Portanto, a NVI com certeza sofrerá revisões para o benefício do povo de Deus. Toda crítica objetiva e fundamentada a respeito da NVI será bem recebida pela Comissão de Tradução. O mais importante é tornar a Palavra de Deus conhecida e compreendida. As imperfeições da NVI e as mudanças lingüísticas do futuro exigirão a sua revisão. 6. A NVI pretende lançar uma Bíblia com livros apócrifos? Não. A NVI não é uma versão ecumênica e não aceita a canonicidade dos livros apócrifos que aparecem nas versões católicas. Não há nenhum plano e jamais houve sugestão de publicar uma NVI com livros apócrifos. 7. A NVI questiona alguma doutrina fundamental da fé cristã? De modo nenhum. Os tradutores da NVI são todos evangélicos e convictos da autoridade e da inerrância das Escrituras Sagradas. Todas as doutrinas cardeais da fé, sem exceção, são cridas e defendidas pela Comissão da NVI. Deve ser dito, porém, que a NVI não é denominacionalista, nem defende opiniões particulares que causam divisão entre os irmãos (Jd 19). 8. Que denominações estão representadas no trabalho da NVI? Muitas. Podemos destacar aqui as que tiveram representação direta no trabalho com o texto bíblico: Assembléia de Deus, Batista (tradicional e carismática), Batista Regular, Presbiteriana do Brasil, Presbiteriana Independente, Metodista do Brasil, Reformada, Cristã Evangélica, Luterana (ieclb e ielb) e Menonita. 9. A NVI teve alguma preocupação em ser politicamente correta? De maneira nenhuma. Sendo evangélica, a NVI não procurou agradar nem liberais, nem radicais. Sua preocupação foi traduzir a Palavra de Deus. Portanto, não há nenhuma tendência feminista ou machista no texto. Não temos nenhum interesse em defender maiorias ou minorias. O texto não foi elaborado para agradar nenhuma etnia, nem qualquer grupo específico. Por sinal, no caso do homossexualismo, a NVI deixa o texto tão claro quanto o original: as Escrituras condenam a conduta homossexual como pecaminosa, entre outros pecados como necromancia, idolatria, imoralidade sexual, heresia, roubo, assassinato e a prática de semear contenda entre irmãos. 10. Por que algumas pessoas vinculam a NVI à Nova Era? Só se for a uma nova era de tradução da Bíblia em língua portuguesa. Nesse sentido, sim, a NVI faz parte de uma nova era de versões que se preocupam com a comunicação da Palavra de Deus. Todavia, é absolutamente seguro que não há nenhuma associação entre a NVI e qualquer movimento herético semelhante ou não à Nova Era! 11. Por que o Novo Testamento da primeira edição (1994) é um pouco diferente em certos textos do Novo Testamento da versão completa da NVI (2001)? Porque foi necessário fazer uma revisão do Novo Testamento para a edição completa do texto. A revisão foi realizada com diversas finalidades:
a) corrigir imperfeições da 1.a edição;
b) adaptar o Novo Testamento às decisões tomadas pela Comissão na tradução do Antigo Testamento; c) fazer um trabalho de harmonização entre o texto do AntigoTestamento e as citações deste no Novo. 12. Como poderei tirar dúvidas específicas sobre a NVI? Basta escrever para a Comissão de Tradução e enviar suas dúvidas para a Sociedade Bíblica Internacional, pelos Correios ou por correio eletrônico. A Comissão terá todo o prazer de resolver as questões enviadas. 13. A que instituições evangélicas conhecidas os tradutores da NVI eram ligados? É impossível citar todas, mencionaremos apenas as principais: Edições Vida Nova, Editora Vida, Casa Publicadora das Assembléias de Deus, Editora Mundo Cristão. Faculdade Teológica Batista de São Paulo, Seminário Presbiteriano de Campinas, Seminário Bíblico Palavra da Vida, Seminário Batista Regular de São Paulo, Seminário Batista Independente de Campinas, cpm (luterano, pr), Seminário Cristão Evangélico de Anápolis, Seminário Batista Independente em Portugal, ceteol (Centro de Ensino Teológico, sc, luterano), Isbim (Menonita), Calvin Theological Seminary, Dallas Theological Seminary, London Bible College. |
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A Nova Versão Internacional (NVI) contou com
uma equipe de tradutores de excelente qualidade. Abaixo, o leitor
conhecerá a participação de cada membro que
compôs a Comissão de Tradução, além de inteirar-se de sua
formação acadêmica e de outros dados pessoais.
Abraão de Almeida Trabalhou na área de estilo no projeto de tradução da NVI. É jornalista pela Escola de Jornalismo João Austregésilo de Athayde, mestre em teologia pelo Seminário Unido, escritor e pastor da Assembléia de Deus. Foi diretor da Casa Publicadora das Assembléias de Deus (cpad) e é o fundador e presidente do Seminário Betel, Hollywood, Flórida, EUA. É brasileiro e reside na Flórida, EUA. Betty Bacon Trabalhou na tradução de parte do Pentateuco, na literatura poética e em diversos livros proféticos. Dedicou-se ao ensino de exegese e do hebraico em diversos seminários brasileiros. Além de escritora (publicou um livro voltado para o ensino da exegese hebraica), é missionária com especialidade em literatura inglesa. Natural da Inglaterra, reside em Vitória, ES. Carl J. Bosma Trabalhou na tradução de livros poéticos e proféticos do Antigo Testamento. É pós-graduado em teologia e doutorando em Novo Testamento pela UNIVersidade Livre de Amsterdã, Holanda. Atualmente é professor da área de Antigo Testamento do Calvin Theological Seminary, EUA, onde também é o diretor da área bíblica. É holandês e foi missionário da Igreja Cristã Reformada por catorze anos no Brasil. Reside em Grand Rapids, EUA. Carlos Osvaldo C. Pinto Trabalhou na tradução da literatura epistolar do Novo Testamento e na literatura poética do Antigo Testamento. É mestre em teologia, doutorando em Antigo Testamento pelo Dallas Theological Seminary, EUA, professor da área bíblica e sistemática e diretor do Seminário Bíblico Palavra da Vida. É escritor na área de exegese do grego e do hebraico e tradutor de diversas obras teológicas. É brasileiro e reside em Atibaia, SP. Estevan F. Kirschner Foi o presidente da Comissão Exegética da NVI e trabalhou na tradução dos evangelhos sinóticos, de parte do Pentateuco, de alguns livros históricos, de Jeremias e de outros livros proféticos. É mestre em interpretação bíblica e Ph.D. em Novo Testamento pelo London Bible College, Inglaterra. É professor da área bíblica dos seminários Ceteol, Palavra da Vida e Servos de Cristo. É autor de diversos artigos e tradutor de obras teológicas. É brasileiro e reside em São Bento do Sul, SC. Luiz Alberto T. Sayão Trabalhou na tradução de livros do Pentateuco, da literatura poética e da literatura profética do Antigo Testamento. Foi o coordenador do projeto de tradução da NVI. É lingüista e mestre na área de hebraico pela UNIVersidade de São Paulo, pastor batista e professor da área bíblica do Seminário Teológico Servos de Cristo, em São Paulo, SP. É escritor, tradutor e editor acadêmico. É brasileiro e reside em Embu-Guaçu, SP. Martin Weingaertner Traduziu a maioria dos livros históricos do Antigo Testamento. Bacharel em teologia pela Est, em São Leopoldo, RS, com especialização em Erlangen, Alemanha. É pastor luterano (Ieclb) e coordenador e professor do Curso Teológico em Residência do Centro de Pastoral e Missão em Curitiba. É escritor e também editor de literatura teológica. É brasileiro e reside em Curitiba. Odayr Olivetti Atuou como presidente da Comissão de Tradução da NVI desde o início do projeto e foi o estilista principal da equipe de tradutores. É bacharel em teologia pelo Seminário Presbiteriano do Sul, em Campinas, e em filosofia pela Omec. É pastor presbiteriano, escritor e tradutor de diversas obras teológicas. Foi professor dasáreas bíblica e sistemática do Seminário Presbiteriano de Campinas. Serviu também como missionário da Igreja Presbiteriana do Brasil no Paraguai e no Chile. É brasileiro e reside em Águas da Prata, SP. Paulo Mendes Trabalhou na tradução de alguns livros históricos do Antigo Testamento. É mestre em teologia pela Faculdade Teológica Batista de São Paulo, pastor batista independente (missão sueca), professor de hebraico e de missões. Foi diretor do Seminário Batista Independente de Campinas e atualmente é missionário em Portugal, onde dirige e ensina num seminário local. É escritor, tendo publicado um livro da área de ensino do hebraico bíblico. É brasileiro e reside na cidade portuguesa de Maia. Randall K. Cook Foi o consultor de geografia e de arqueologia da Comissão de Tradução e trabalhou na tradução de alguns livros históricos do Antigo Testamento. É mestre em teologia pelo Regular Baptist Seminary, EUA. Filho de missionários americanos no Brasil, dedicou-se ao estudo do hebraico e da arqueologia. Viveu muitos anos em Israel, onde especializou-se na história, geografia e arqueologia da Terra Santa. Lecionou por muitos no Seminário Batista Regular de São Paulo, sp. Além de ter lecionado em Israel por vários anos, atualmente é professor da área bíblica do Masters College, Califórnia, EUA, onde reside. Rubens C. Damião Trabalhou na área de estilo e na tradução de parte da literatura neotestamentária. É doutor em divindade pela UNIVersidade de Chicago,jornalista, advogado, pastor presbiteriano independente e professor de grego e de teologia. Lecionou no Seminário Presbiteriano Independente de São Paulo. É brasileiro e reside em São Paulo, SP. Russell P. Shedd Foi o iniciador do projeto da NVI. Trabalhou na tradução de parte do Novo Testamento. É mestre em teologia pelo Wheaton College, EUA, e Ph.D. em Novo Testamento pela UNIVersidade de Edimburgo, Escócia. É escritor, conferencista internacional e editor. Foi professor da Faculdade Teológica Batista de São Paulo e fundou as Edições Vida Nova. Natural da Bolívia, é filho de missionários americanos. Tem atuado como missionário da Missão Batista Conservadora em Portugal e no Brasil por várias décadas. Reside em São Paulo, SP. Valdemar Kroker Trabalhou na tradução de alguns livros históricos e em alguns profetas menores do Antigo Testamento. É bacharel em teologia pelo Instituto e Seminário Bíblico Irmãos Menonitas em Curitiba, licenciado em matemática pela UNIVersidade Federal do Paraná, mestre em teologia pelo Mennonite Brethren Biblical Seminary, EUA, doutorando em Antigo Testamento (Trinity Evangelical Divinity School, EUA), pastor da Igreja Evangélica Irmãos Menonitas de Curitiba e professor de línguas bíblicas e de Antigo Testamento no Instituto e Seminário Bíblico Irmãos Menonitas de Curitiba. William Lane Trabalhou na tradução da literatura profética do Antigo Testamento. É mestre em teologia na área de Antigo Testamento pelo Calvin Theological Seminary, EUA, diretor e professor de hebraico e de exegese do Seminário Presbiteriano do Sul, em Campinas e do Instituto Mackenzie de Ensino, em São Paulo. É brasileiro, reside em Campinas, SP. Eugene Rubingh Dr. Rubingh foi o diretor dos projetos de traduções da Bíblia da International Bible Society, EUA. Atuou por dez anos como diretor do projeto de tradução da NVI na ibs. Graças ao seu trabalho o projeto teve início e terminou com sucesso. |
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