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A Sacralidade que há no Corpo Humano

“Acaso não sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá. Pois o templo de Deus é santo e esse templo sois vós” ( I Cor 3,16-17).

O corpo humano, apesar de sua fraqueza e pequenez, é templo do Espírito Santo. É o lugar onde o Espírito de Deus habita, por isso, o homem não pode destruir, não pode denegrir, não pode ferir o seu corpo e o dos seus irmãos, porque ele é santo. Existem muitas maneiras do homem destruir o seu corpo e dos seus irmãos imediata ou paulatinamente.

O pecado atingiu o homem naquilo que ele tinha de mais sagrado que é a sua própria vida, composta de corpo e alma. Criada para não morrer, mas para a eternidade. Como o “salário do pecado é a morte”, Jesus se encarnou para vencer a nossa morte e novamente recebemos a graça da vida eterna, a vida com Deus. Nosso corpo é um jardim secreto, é a nossa intimidade, é o que existe de mais “nosso”, por isso, se o homem usa seu corpo de forma desordenada acontecem conseqüências desastrosas, que levam a completa infelicidade e grande vazio.

“Existem muitas conclusões infelizes, meias-verdades sobre o corpo humano. “Para o ocidental, freqüentemente, ele não passa de um instrumento de trabalho, um objeto de luxo e prazer... Cada uma dessas concepções implica desvios sexuais. Elas têm em comum o desprezo pelo corpo, a sua sedução a algo exterior a nós mesmos, secundário: um espécie de acessório, desligado da pessoa... Mas, no fundo, o que é o corpo? Como Deus vê esse corpo que nos deu, que modelou com as próprias mãos? Ele o estima tanto, ama tanto, valoriza-o de tal forma que o fez infinito, eterno, e quis para si mesmo um corpo!” (Daniel Lange).

“Ele tinha a condição divina, e não considerou o ser igual a Deus como algo a se apegar ciosamente. Mas esvaziou-se a si mesmo, e assumiu a condição de servo, tomando a semelhança humana. E, achado em figura de homem, humilhou-se e foi obediente até a morte, e morte de cruz!” (Fl 2, 5-11).

“Aquele que era o Deus verdadeiro, não desejou apegar-se ciosamente à sua condição divina, mas desceu até o ponto de fazer-se humano, até fazer-se carne... Eis que Deus se fez carne! Isso dá ao corpo uma dimensão nova, a tal ponto que Jesus nos pede que comamos sua carne! É horrível a idéia de comer o corpo e beber o sangue de Jesus, e foi por isso que seus discípulos chegaram a pensar que ele tivesse ficado louco, ele que dizia ter vindo para libertar o povo judeu.

Como resultado, vemos alguns dos seus discípulos querendo afastar-se dele, pois consideravam suas palavras duras demais (cf. Jo 6)... Jesus nos dá uma idéia inteiramente nova a respeito do corpo: ao invés de nos afastar de Deus, o corpo pode ser um instrumento para nos aproximar dele. Jesus desejou fazer-se carne, e todos nós sabemos que a característica da carne é a fraqueza. Nosso corpo pode ser bonito, mas extremamente frágil!

Claro que dispomos da força de vontade, nosso corpo está cheio de vida, mas sabemos que, de um momento para o outro, ele pode ficar cansado ou adoecer... Jesus tornou-se um ser humano, desceu de sua condição divina. Toda a sua vida e sua morte estiveram sob o signo da pobreza. Mas foi justamente pelo fato de haver tomado esse caminho descendente que o Pai o elevou e exaltou acima de todos” ( Tendes os Sentimentos de Cristo, Jean Vanier, págs. 27 e 28, Edições Loyola, São Paulo, Brasil, 1993).

É verdade que o corpo humano encerra uma fragilidade e pequenez muito grande. Daí a nossa admiração em ver que Deus se transforma em corpo e matéria!, como escreve Jean Vanier em seu livro: “Deus se transforma em um corpo que os antigos tinham o costume de chamar de “a prisão da alma”! O fato de o corpo e a alma serem ambos importantes, é algo que nos confunde a mente. O corpo tem semelhança com os animais; ele nos impede de nos elevar e de chegar perto da iluminação espiritual” (Tendes os Sentimentos de Cristo, Jean Vanier, pág. 11, Edições Loyola, São Paulo, Brasil, 1993), mas “pela Sua Encarnação, o Filho de Deus uniu-se de certo modo a cada homem.

Nascendo da Virgem Maria, Ele tornou-se verdadeiramente um de nós, semelhante a nós em tudo, exceto no pecado. Já que nele a natureza humana foi assumida, sem ter sido destruída, por isso mesmo também em nosso benefício ele foi elevada a uma dignidade sublime. Explica Sto. Irineu: ‘Pois esta é a razão pela qual o Verbo se fez homem, entrando em comunhão com o Verbo e recebendo assim a filiação divina, se torne filho de Deus’... Assim é que o Verbo divino se fez um de nós para nos dar a possibilidade de nos unirmos a Deus de forma essencialmente nova, posto que somos membros do mesmo gênero humano que Ele assumiu, sem deixar de ser Deus. E fez isto para que, unido-nos a Ele, estejamos unidos a Deus não mais somente pela vontade ou afeto, mas sejamos misteriosamente participantes da sua vida divina.

O CORPO QUE SOU

O corpo não é uma coisa. Ele é alguém. Ele é eu mesmo. É a pessoa que eu sou. Mas a minha pessoa não se reduz a meu corpo: eu não sou um animal aperfeiçoado. O animal não tem uma alma que nunca morrerá (nunca, após a morte, o animal apareceu a alguém como, às vezes, os santos), nem um espírito capaz de dominar o universo.

A minha pessoa também não se reduz à minha alma: eu não sou nem anjo, nem espírito. Através do corpo estou vinculado ao cosmo, ancorado na história, integrado na textura de tempo e espaço. Em mim, alma e corpo são inseparáveis. Não são recipiente e conteúdo, cela e prisioneiro, mas constituem um conjunto, uma integração. Integração que a biologia e a medicina contemporânea confirmam. Alma e corpo só existem um em relação ao outro, sem que nenhum deles se reduza ao outro. A alma anima o corpo. O corpo é a expressão da alma.

Eu não habito o meu corpo. Eu sou o meu corpo. Meu corpo sou eu. Eu, enquanto oferenda aos outros, relacionado aos outros, enraizado numa situação concreta... Se eu não fosse um corpo, para vir ao mundo eu não teria tido necessidade do homem e da mulher que se uniram – e eu espero que antes tenham se amado - , para me dar a vida. Os anjos não têm pais: eles não têm corpo... Se eu não fosse um corpo, não teria necessidade dos outros para existir, nem para me alimentar (quantas pessoas de carne e osso, por exemplo, são necessárias ao preparo da refeição que me sustenta!) (Daniel Lange).

O corpo humano foi elevado a uma dimensão tão sublime, pelo mistério da redenção de Cristo, que nesta dimensão reencontra a grandeza, a dignidade e o valor próprios de sua humanidade. No mistério da redenção o homem é novamente ‘reproduzido’ e, de algum modo, é novamente criado. Ele é novamente criado! ‘Não há judeu nem gentio, não há escravo nem livre, não há homem nem mulher: todos vós sois um em Cristo Jesus’ (Gl 3,28)... O homem que quiser compreender-se a si mesmo profundamente... deve, com a sua inquietude, incerteza e também fraqueza e pecaminosidade, com a sua vida e com a sua morte, aproximar-se de Cristo.

Ele deve, por assim dizer, entrar nele com tudo o que é em si mesmo, deve ‘apropriar-se’ e assimilar toda a realidade da encarnação e da redenção, para se encontrar a si mesmo. Se no homem se realizar este processo profundo, então ele produz frutos, não somente de adoração de Deus, mas também de profunda maravilha perante a si próprio. Que grande valor deve ter o homem aos olhos do Criador, se ‘mereceu ter um tal e tão grande Redentor’, se ‘Deus deu o seu Filho’, para que ele, o homem, ‘não pereça, mas tenha a vida eterna”

Todas estas verdades magníficas nos ajudam a perceber que a graça derramada sobre cada ser humano pelo Senhor foi infinita. O corpo humano é templo do Espírito Santo, é morada de Deus. Santa Tereza D’Ávila afirmou que o interior do homem é um castelo aonde habita Sua Majestade. Antes de termos tido um encontro pessoal com Jesus, nossos membros, segundo São Paulo, serviam a injustiça, mas agora que estamos na luz de Deus, os nossos membros devem servir únicamente a justiça, à vontade de Deus.

É preciso compreendermos que o corpo humano é algo sagrado, pelo fato de ter sido criado por Deus, após o pecado, ter sido redimido e santificado por Deus e além de tudo isso é o lugar onde Deus escolheu para habitar. Tudo isto parece mesmo um sonho, algo irreal, pela sua grandeza, no entanto, tudo isto é a mais pura verdade realizada pelo Nosso Deus que tanto nos ama e não deixa que suas criaturas fiquem numa situação deplorável, devido a sua própria opção pelo pecado, o causador de todos os males e infelicidades do homem.


EU FAÇO O MEU CORPO E O MEU CORPO ME FAZ

O corpo, como a alma, é único. Mudar de corpo é tornar-se um outro ser. A alma individualiza o corpo; melhor, personaliza-o, o que é outra coisa. Contrariamente, a maneira como eu uso o meu corpo me coisifica ou me personaliza: “O homem completo é um conjunto que forma uma unidade composta de alma que recebe o Espírito do Pai e que é uma com a carne modelada conforme a imagem de Deus” (Irineu de Lião, Adv. Her., V, 6, 1.).

O corpo não é algo pré-fabricado. Eu o crio com o tempo. Se o corpo é a linguagem da alma, a alma, pouco a pouco, forja-o à sua imagem. Eles crescem juntos, um por intermédio do outro. Um formando o outro, numa nova transparência. “A vida do corpo é um coração pacífico, e o coração modela o rosto” (Prov. 14,30; 15,13).

Como é difícil, às vezes, viver com o próprio corpo! Aceitá-lo como é, sobretudo na adolescência, quando estamos em plena mudança. Difícil viver com o corpo, difícil, simplesmente, viver! Difícil tornar-me verdadeiramente o que sou! (Daniel Lange).

O CORPO ME UNE AOS OUTROS

Meu corpo me torna dependente da sociedade e me permite tornar-me eu mesmo. Pelo corpo eu me entrego aos outros e os recebo. Eu me afirmo e entrego-me. Ele é uma riqueza e torna-me pobre de mim mesmo: devedor. Através dele se exerce a complementariedade. Por ele a humanidade se torna minha família.

Meu corpo sou eu mesmo, ligado à criação. Por intermédio dele, deito as minhas raízes no cosmo que é um corpo prolongado. É pelo corpo que me submeto a todas as limitações geográficas e históricas. Por causa dele estou, fisicamente, um pouco sujeito às condições atmosféricas e planetárias!

Meu corpo me programa no espaço e no tempo, permanecendo o terreno onde adquiro minha liberdade. Eu não fui pré-programado, pré-condicionado. Tenho o poder de jogar com os dados, de controlá-los. Como para um esquiador na pista, os obstáculos transformam-se em vitória. As curvas são mais emocionantes que as retas: permitem-me controlar meu corpo. Meu corpo é profundamente marcado pelo que vive o meu ser: quem negaria os efeitos positivos que o relaxamento exerce sobre o psiquismo das pessoas?

O nosso corpo é um instrumento essencial para demonstrarmos amor, afeto, pela busca da santidade. Ele nos aproxima de Deus e dos irmãos. É por eles que realizamos concretamente a manifestação dos nossos atos de amor ou de pecaminosidade. O corpo é importante porque por ele concretizamos nossas opções por Deus ou pelo pecado. O corpo humano participa ativamente dos momentos de oração e de louvor, porque ele é a ponte que nos une a Deus. A nossa maneira de falar, de se comportar, de nos vestir, demonstram o que se passa dentro do nosso coração, e por ele poderemos ser testemunhas autênticas do amor de Deus ou contra-testemunho para os nosso irmãos.

É importante que nos deixemos conduzir pelo Espírito Santo de Deus para que ele vá esculpindo em nós cada vez mais a imagem que Deus deseja que nós tenhamos e assumamos no mundo para sermos luz, sermos canais de ternura, de amor, de alegria, de consolo... da mesma forma que Maria foi.

A vida cristã está toda voltada para esta nova realidade que Cristo conquistou para nós, essa vida nova que envolve todo o nosso ser, corpo, alma e espírito. A transformação profunda do coração constitui a fonte das boas obras. “É a norma do seu agir que flui do interior, e não de leis ou de normas que o reportam ao seu exterior. Assim se constrói o homem novo. O seu agir nasce do Espírito do Senhor ressurgido, por ele guiado, dirige-se para uma experiência dele cada vez mais plena; por isso, pode também segui-lo, pode imitá-lo, assumindo as suas atitudes não como modelo moral exterior à sua consciência, mas por seu impulso profundo” (Nas Pegadas do Reino, pág. 75, Edições Paulinas, São Paulo, 1999).

QUEM VELA PELA MINHA INTIMIDADE E DESVELA MINHA IDENTIDADE

O corpo é a expressão, a manifestação da alma. Sorriso ou ricto nos lábios, nuvens ou luzes nos olhos, tiques involuntários, palavras soltas, tom de voz: quantos sinais escapam e o atraem!
É a linguagem do meu ser: a ternura que há no meu coração se expressa num beijo, num abraço, num movimento sexual. O que eu faço com o meu corpo revela o que eu sou. Mas sei tão pouco do que sou!

Ao mesmo tempo, há certa distância entre meu corpo e minha alma: não me reconheço completamente. Há como que uma relação perturbada – conseqüentemente ambígua – entre eles. Ao mesmo tempo, é por meio do corpo que me expresso e é ele que me impede de entregar-me totalmente: ele protege meu jardim secreto. Protege-me do mundo exterior, construindo uma barricada em torno do meu universo interior. Algumas pessoas sentem-se tão mal por estar na própria pele que o corpo sente-se um peso, uma barreira entre elas e os outros. O próprio rosto pode enganar: pode transformar-se numa máscara! Tem-se medo de mostrá-lo. A maneira como me visto, me penteio, me maquio, criará um personagem: o que eu sou realmente ou o que eu quero parecer.

O corpo é para mim opacidade e abertura: mascara minha intimidade, revelando minha identidade. Ao mesmo tempo, o corpo existe para mim, é alguém, é alguma coisa. Eu o sinto na dor física que pode fazer-se seu prisioneiro. Ele se transforma em câmara de tortura na qual estou preso...! E Deus sabe que o sofrimento físico pode ser destrutivo, que nem sempre a alma consegue assumi-lo.

Uma doença – mesmo um simples mal-estar – pode me derrubar. Uma dor de dente, uma dor de cabeça: eis-me incapaz de pensar!

ROSTO E MÃO QUE DEIXAM TARNSPARECER O CORAÇÃO

Por que, na sua carteira de identidade, não há uma fotografia do seu joelho ou do seu ombro, mas do seu perfil, do seu rosto e, às vezes, suas impressões digitais?

O rosto e as mãos! São os únicos membros realmente transparentes, os únicos que me traem, pelos quais me entrego, pelos quais se pode adivinhar – apenas adivinhar, mas adivinhar – quem eu sou! Meu coração profundo!

Os outros membros nada revelam: a espécie é que os caracteriza. São anônimos, impessoais! São os mesmos para todos os seres humanos, salvo alguns detalhes morfológicos. Daí certa vergonha natural da nudez: tenho medo de ser visto da maneira que mais me revelo. Medo de ser olhado fora de meu olhar, por meio do qual me dou e me comunico. Medo de ser rebaixado à condição de objeto e, finalmente, alienado. O animal não tem vergonha de estar nu: ele não tem alma.

No livro do Gênese, de repente, Adão e Eva percebem que estão nus! Constatação patética! Para onde dirigem o olhar senão para o próprio sexo? Entretanto, o sexo não é novidade! Foi o olhar deles que mudou: de contemplativo passou a ser de cobiça, de desejo, olhar de “voyeur”. “Eles viram que estavam nus”, quer dizer: eles não mais se olharam no rosto: “Quando a castidade não é mais casta, quando a virgem não é mais virgem, então o corpo está verdadeiramente nu...” (Madre Teresa de Calcutá).

Seus olhos perderam a transparência, seus corpos não mais estão envoltos pela luz: “A mulher até aquele momento era olhada nos olhos. Por sua vez, ela olhava nos do marido. Um reflexo do amor trinitário embelezava os dois. As janelas que os abriam um ao outro na sua respectiva infinitude, aí incluindo a dimensão carnal, abriam-nos ao mesmo tempo para a interioridade de Deus! De repente, começou a descida. A mulher viu, provavelmente em primeiro lugar, que os olhos não olhavam mais o seu rosto. Eles baixavam. Tornavam-se mais agressivos e glutões. De sexo; do seu sexo. Como nos tornamos glutões de uma fruta ou de uma ostra.

Como nos tornamos ávidos de um objeto. A mulher julgou-se aviltada pelo desejo que tinham dela. Seu marido que até aí a estreitava com ternura. Sua vergonha veio da agressividade da qual era objeto. Tratava-se de instinto de defesa, de um protesto, uma afirmação de nobreza, um não à violação” ( Francis Volle, Joyeuse Lumiére, julho de 1987).

O que chamamos de pudor – palavra esquecida, menos usada que nova! – é o instinto de preservação da intimidade, instinto de defesa diante da invasão dessa mesma intimidade. Ele dá o alarme para o perigo. Mostrar sem constrangimento o corpo nu é algo agressivo A beleza do nu não provoca mais, como no paraíso, a admiração gratuita, o deslumbramento contemplativo. Ela excita à consumação do ato sexual. Ela provoca a cópula. “A nudez está intimamente ligada ao amor. O amor verdadeiro, se requer a nudez, reserva-a para si”. Para se unir, espontaneamente, as pessoas se retiram.

ESTA VESTIMENTA QUE ENOBRECE O CORPO

Por essa razão, em todos os países, em todas as épocas, o homem se vestiu, deixando de ser animal. Não apenas para se proteger das intempéries, nem para ser coquete, mas em virtude de um estranho instinto que os animais nunca possuíram. As roupas se tornaram um componente essencial da civilização em todos os lugares onde deixou-se exprimir um élan de natureza. O completo nudismo nos animaliza. É retorno ao estado primitivo. Regressão. Decadência.

A roupa expressa maravilhosamente não apenas o gosto e a fineza de uma pessoa, mas toda uma cultura ( o Museu do Vestuário, em Paris, é apaixonante!). Cada época, como cada meio social, deixa-se trair pelo vestuário, uma das mais belas linguagens que nos foi dada! Criador de beleza, o vestuário valoriza admiravelmente o corpo, conservando a atração entre os sexos: uma luz peneirada permite ver sem que a luminosidade do sol ofusque o olhar!

“Não enrubescemos diante do que nos é estranho”. Você enrubesce por causa da nudez do seu corpo precisamente por se tratar de você mesmo. É o pudor que nos permite olhar-nos no rosto, não no sexo, isto é, simplesmente olhar! Por essa razão, em geral, o rosto e as mãos são as únicas partes do corpo que as roupas não escondem: É típico que hoje as mulheres cada vez menos vestidas não saibam que estão nuas!

Mãos e rosto são privilegiados pelo cristianismo. As mãos: os gestos litúrgicos cristãos estão centrados nos braços e nas mãos: Mãos abertas, juntas, levantadas, estendidas para o céu, impostas sobre os irmãos. “Como as atitudes do corpo são inumeráveis, a de elevar os olhos ao céu deve certamente ser preferida a todas as outras, por exprimir por meio do corpo a imagem das disposições da alma durante a oração” (Orígenes, A oração, 31). Na cruz Cristo abre as mãos. (Daniel lange).

As nossas vestimentas devem sempre ser para enaltecer a imagem de Deus em nós e nunca para mancha-la, porque esta mancha trará para nós sofrimentos, desarmonia e até mesmo enfermidades. O nosso corpo é o termômetro da nossa alma e do nosso coração. É por ele que manifestamos os nossos pecados, fraqueza e malefícios. O corpo humano foi criado de modo admirável, com os sentidos, com os sentimentos, com as emoções, com toda a sua potencialidade de construir obras, com a sua capacidade de se relacionar.

Podemos e devemos por ele passa o verdadeiro belo, a verdadeira beleza que provém da pureza, da bondade. O corpo humano verdadeiramente é encantador! No entanto, podemos usá-lo para realizar coisas para as quais não foi criado e que por isso mesmo provoca tantas desordens, tristezas e infelicidades. Com as nossas mãos podemos servir a vida ou a morte; com as nossas bocas podemos louvar a Deus ou pronunciar maldições, semear o joio, criticar, julgar maldosamente; com os nossos sentimentos podemos amar ou odiar; com os nossos pensamentos e imaginações podemos servir a verdade ou planejar atos de desamor...

EU FAÇO O MEU CORPO E O MEU CORPO ME FAZ

O corpo, como a alma, é único. Mudar de corpo é tornar-se um outro ser. A alma individualiza o corpo; melhor, personaliza-o, o que é outra coisa. Contrariamente, a maneira como eu uso o meu corpo me coisifica ou me personaliza: “O homem completo é um conjunto que forma uma unidade composta de alma que recebe o Espírito do Pai e que é uma com a carne modelada conforme a imagem de Deus” (Irineu de Lião, Adv. Her., V, 6, 1.).

O corpo não é algo pré-fabricado. Eu o crio com o tempo. Se o corpo é a linguagem da alma, a alma, pouco a pouco, forja-o à sua imagem. Eles crescem juntos, um por intermédio do outro. Um formando o outro, numa nova transparência. “A vida do corpo é um coração pacífico, e o coração modela o rosto” (Prov. 14,30; 15,13).

Como é difícil, às vezes, viver com o próprio corpo! Aceitá-lo como é, sobretudo na adolescência, quando estamos em plena mudança. Difícil viver com o corpo, difícil, simplesmente, viver! Difícil tornar-me verdadeiramente o que sou! (Daniel lange).

Cada ser humano deve saber da sacralidade de seu corpo e do corpo do seu irmão. Isto nos garante que pertencemos a Deus em corpo e alma, somos consagrados ao Senhor. O nosso corpo não nos pertence, por isto não podemos usá-lo como uma coisa qualquer, como um objeto que uso e quando não quero mais encosto em algum lugar sem importância. Devemos nos olhar uns aos outros com respeito e dignidade, sabendo que dentro de nós habita a Trindade Santa. Tudo o que fizermos com nosso corpo e através dele, deve ser de acordo com a sua grandeza e dignidade.

EU FAÇO O MEU CORPO E O MEU CORPO ME FAZ

O corpo, como a alma, é único. Mudar de corpo é tornar-se um outro ser. A alma individualiza o corpo; melhor, personaliza-o, o que é outra coisa. Contrariamente, a maneira como eu uso o meu corpo me coisifica ou me personaliza: “O homem completo é um conjunto que forma uma unidade composta de alma que recebe o Espírito do Pai e que é uma com a carne modelada conforme a imagem de Deus” (Irineu de Lião, Adv. Her., V, 6, 1.).

O corpo não é algo pré-fabricado. Eu o crio com o tempo. Se o corpo é a linguagem da alma, a alma, pouco a pouco, forja-o à sua imagem. Eles crescem juntos, um por intermédio do outro. Um formando o outro, numa nova transparência. “A vida do corpo é um coração pacífico, e o coração modela o rosto” (Prov. 14,30; 15,13).

Como é difícil, às vezes, viver com o próprio corpo! Aceitá-lo como é, sobretudo na adolescência, quando estamos em plena mudança. Difícil viver com o corpo, difícil, simplesmente, viver! Difícil tornar-me verdadeiramente o que sou!

NÃO HÁ OUTRO COMO VOCÊ

Uma coisa me transtorna: pensar que em nenhum lugar do mundo, dentre os quatro bilhões de seres humanos que vivem atualmente, ninguém tem exatamente os traços do meu rosto, a entonação da minha voz, os matizes do meu olhar. Mais: entre os bilhões e bilhões de homens que existiram e existirão nenhum rosto será idêntico ao meu, pois ninguém teve e nunca terá coração igual ao meu. Você se dá conta disso?! Isso quer dizer: não há outro como você! Ninguém, nunca, em nenhum lugar será como você!

Maravilha de profusão e de precisão, ao estilo de Deus: dos cinqüenta a cem milhões de espermatozóides que cada ejaculação de esperma contém, um só fecunda o óvulo, do qual um só ponto é capaz de acolhê-lo! A Palavra de Deus na Bíblia: “Eu te escolhi desde o seio materno”, quer dizer: foi Deus quem escolheu esse espermatozóide único entre bilhões, pelo qual você foi concebido. Para que você seja efetivamente único entre bilhões de seres, cada qual único como você.

O código genético memoriza todos os dados que contribuem para a construção de um indivíduo. Essas particularidades são de tal forma individualizadas que há apenas uma possibilidade em quatro milhões de encontrar duas pessoas que possuam as mesmas características.

Isso quer dizer ainda: você é amado com um amor absolutamente único! E se Deus deixasse de lançar sobre você, a cada fração de segundo, um olhar carregado de ternura, um olhar que lhe transmite – instante após instante – vida, nesse mesmo instante você deixaria de existir: eu veria apenas o seu jeans, o seu tênis, talvez os óculos, no chão, à minha frente. Nada de Florence, Marcos, Érico ou Maria Emanuela: nada mais. Você me compreende? Mais nada de nada! Sua existência depende de um amor constante. E você não sabe...




UM ESPELHO DE NARCISO?

A atração física é algo extraordinário. Ela prova que corpo e coração estão intimamente ligados. Toda a beleza física é reflexo da beleza além de toda beleza, do Criador. Pode ser isca de amor, mas armadilha para o coração. Ela pode não corresponder à beleza interior. Evidentemente, o ideal é a perfeita harmonia entre as duas: com isso sonharemos a vida toda! Graças a Deus isso existe. E Deus vela para que encontremos essa pérola rara.

Mas pode ocorrer que, por trás da beleza física, se descubra um coração fechado, um ser violento, um temperamento arrogante. E a pessoa tem a impressão de que foi enganada. Eu nunca me conformei com essa distorção, que deve vir da falha original.

Mais: a beleza física acaba. Simplesmente. Com o tempo. Mas, mais depressa e com maior tristeza, pelo uso de uma sexualidade desenfreada: nada envelhece tanto. Eis o paradoxo: você deflora a beleza que o atraía, o frescor que o fascinava: “O homem mata aquilo que ama!”.

Também é possível que um defeito físico, uma doença, desfigure alguém. Então, o que restará, se o amor se apoiava apenas na anatomia?

Estranhamente, um amor autêntico pode às vezes originar-se e crescer sem grande atração física, enquanto uma violenta atração física pode não trazer, necessariamente, como conseqüência, o amor verdadeiro. Não pense que o movimento sexual espontâneo diante de tal menina ou tal rapaz é, por si mesmo, um sinal da presença do amor! Mas, em geral, essa embricação mútua entre o sentimento interior e a sua repercussão no corpo é muito estreita!